Contra “impunidade”, Dodge defende no STF prisão após 2ª instância
A procuradora-geral reafirmou a posição da Procuradoria em discurso durante sessão de abertura dos trabalhos no Supremo
atualizado
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A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, defendeu nesta quinta-feira (1º/2), em discurso na abertura do ano do Judiciário no Supremo Tribunal Federal (STF), a prisão após condenação em 2ª instância. Segundo ela, isso “evita impunidade”. O tema voltou ao debate com a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). O tribunal é a 2ª instância, que manteve a condenação do juiz da 1ª, Sérgio Moro. A informação é do jornal O Globo.
De acordo com a reportagem, quando o STF examinou o tema pela última vez, em 2017, o placar da votação foi de seis votos a cinco pelas prisões depois da sentença confirmada pela segunda instância. Antes disso, a prática era esperar o trânsito em julgado, o que na prática permitia recorrer em liberdade nos tribunais superiores. Desde então, ministros mudaram de ideia e, com a morte de Teori Zavascki, Alexandre de Moraes o substituiu. No novo cenário, a expectativa é de que, se o caso for pautado novamente, ao menos seis ministros votem para que se possa recorrer por mais tempo em liberdade.“Como instituição de Justiça, o Ministério Público tem agido e pretende continuar a agir com o propósito de buscar resolutividade, para que a justiça seja bem distribuída, para que haja o cumprimento da sentença criminal após o duplo grau de jurisdição, que evita impunidade, para defender a dignidade humana, de modo a erradicar a escravidão moderna, a discriminação que causa infelicidade, e para assegurar acesso à educação, à saúde e a serviços públicos de qualidade, de modo a garantir vida longa e feliz para todos”, declarou Dodge.
Em seu discurso, Dodge também apontou alguns problemas presentes no Brasil, como a corrupção disseminada. Assim, é preciso que a justiça não seja demorada.
“O Ministério Público irmana-se ao sentimento dos membros desta augusta corte, que reconhecem que vivenciamos os brasileiros a dura realidade de aumento da violência urbana, de corrupção ainda disseminada, de crise nas prisões e de sentimento de impunidade. A efetividade da Justiça é um valor importante para os brasileiros. Sua ausência ocasional gera uma forte sensação de impotência e de insatisfação, mas sua ausência duradoura provoca danos para a sociedade e para a democracia. A experiência de uma realidade dolorosa, para muitos brasileiros, reclama urgência de resultados e uma justiça que não tarde”, disse a PGR.
Ela citou ainda Ulysses Guimarães, que presidiu a Câmara dos Deputados e morreu em 1992. Em 1988, ele tinha dito: “Não roubar, não deixar roubar, pôr na cadeia quem roube, eis o primeiro mandamento da moral pública.”