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Comparecimento de Flávio Bolsonaro ao MP sobre caso Coaf é incerto

Promotoria convidou parlamentar a depor, mas, por prerrogativa do cargo público que ocupa, ele pode escolher dia, hora e local

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FABRICIO QUEIROZ E FLAVIO BOLSONARO
1 de 1 FABRICIO QUEIROZ E FLAVIO BOLSONARO - Foto: Reprodução/Facebook

Nem o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) nem a assessoria do senador eleito pelo Rio Flávio Bolsonaro (PSL) confirmam se o filho do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), prestará depoimento, na próxima quinta-feira (10/1), sobre a movimentação financeira atípica do ex-assessor de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) Fabrício Queiroz (com o parlamentar na imagem em destaque).

O MP do Rio convidou o ainda deputado estadual e senador eleito para comparecer ao órgão. Contudo, por prerrogativa do cargo público que ocupa, ele pode escolher dia, hora e local para depor.

Um mês atrás, reportagem do Estado de S.Paulo revelou que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) tinha detectado movimentação de mais de R$ 1,2 milhão em uma conta de Queiroz, entre 1º de janeiro de 2016 e 31 de janeiro de 2017. Até esta segunda-feira (7), não houve, na investigação aberta pelo MP fluminense, depoimentos relevantes para esclarecer o caso do ex-assessor. Flávio, Queiroz e seus parentes que também foram da assessoria do parlamentar ainda não depuseram.

O Coaf também descobriu que Fabrício Queiroz repassou R$ 24 mil à então futura primeira-dama Michelle Bolsonaro. O presidente afirmou que o dinheiro era pagamento de uma dívida de Queiroz com ele.

O ex-motorista e ex-segurança de Flávio Bolsonaro não foi o único assessor da Alerj a apresentar movimentação considerada incompatível com sua renda. Outros auxiliares de 22 deputados estaduais do Rio também são investigados. O relatório foi produzido na Operação Furna da Onça, que investiga corrupção no Legislativo fluminense.

Procurado nesta segunda-feira, o MPRJ não confirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, se Flávio comparecerá ao depoimento previamente agendado para a quinta-feira. A assessoria do senador eleito disse que ele não vai responder para a imprensa se irá ou não. Em nota enviada por seu gabinete na Alerj em 11 dezembro de 2018, Flávio havia informado que “seguia à disposição para prestar esclarecimentos às autoridades, se instado for, no citado assunto”.

Oitivas
Para esta terça-feira (8/1), estão previstos os depoimentos das filhas (Nathalia e Evelyn Melo) e da mulher (Márcia Oliveira Aquiar) de Queiroz. As três já foram lotadas nos gabinetes de Flávio Bolsonaro na Alerj. Nathalia, que é personal trainer, também já foi da assessoria do presidente Jair Bolsonaro (que era deputado federal) na Câmara dos Deputados, onde estava até o mês de novembro do ano passado.

Nathalia é citada em dois trechos do relatório do Coaf. O documento não deixa claros os valores individuais das transferências entre ela e seu pai, mas junto ao nome de Nathalia está o valor total de R$ 84 mil. A filha de Queiroz foi nomeada em dezembro de 2016 para trabalhar como secretária parlamentar no gabinete de Bolsonaro na Câmara.

Em 15 de outubro de 2018, ela foi exonerada. Na mesma data, seu pai deixou o gabinete de Flávio na Alerj. Nathalia recebeu em setembro, pelo gabinete de Jair Bolsonaro, salário de R$ 10.088,42.

Queiroz foi chamado para depor duas vezes no MPRJ, mas faltou, alegando problemas de saúde. Em entrevista ao SBT, justificou que “fazia dinheiro” com a compra e revenda de carros. O advogado do ex-assessor de Flávio, Paulo Klein, disse que irá juntar os documentos que comprovam as suas argumentações na investigação do MP, “campo adequado para apuração dos fatos”.

Assim que o Fabrício for liberado pelos médicos, vou me reunir com ele e bater ponto a ponto as questões e ver a documentação relacionada. Por ora, o foco total é na saúde dele e na recuperação

Paulo Klein, advogado de Fabrício Queiroz

Outro lado
Queiroz deverá se submeter a cirurgia para tratamento de um câncer, segundo sua defesa. O Estado não conseguiu contato com a mulher e as filhas do ex-assessor.

Questionado sobre o andamento da investigação, o Ministério Público do Rio apenas respondeu “que as diligências relativas aos dados enviados pelo Coaf estão ocorrendo regularmente”. O relatório mapeou, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), as movimentações financeiras dos servidores da Alerj.

A Operação Furna da Onça, que levou à prisão 10 deputados estaduais do Rio, foi desencadeada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. O caso das movimentações financeiras dos assessores, porém, é da alçada do Ministério Público fluminense, em tese, por envolver investigações de deputados estaduais.

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