Caso Yoki vai a júri com mistério sobre cúmplice de Elize Matsunaga
Entre acusação e defesa, há apenas um ponto pacífico: foi Elize quem matou Marcos Kitano Matsunaga, herdeiro do grupo Yoki
atualizado
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Às vésperas do júri de Elize Matsunaga, acusada de assassinar e esquartejar o marido, Marcos Kitano Matsunaga, em maio de 2012, o mistério sobre a possível participação de uma segunda pessoa no crime permanece. Enquanto o Ministério Público de São Paulo (MPE) diz ter “certeza técnica” de que a ré recebeu ajuda para retalhar o corpo da vítima em sete partes, a defesa afirma que ela agiu sozinha. Segundo a promotoria, novas explicações sobre o ocorrido no apartamento da vítima serão apresentadas aos jurados.
Entre acusação e defesa, há apenas um ponto pacífico: foi Elize quem matou Marcos Kitano Matsunaga, herdeiro do grupo Yoki. Ela confessou o crime e vai responder por homicídio triplamente qualificado (com motivo torpe, impossibilidade de defesa e meio cruel), além de destruição de cadáver. A pena pode chegar a 33 anos, caso seja condenada pelos dois crimes.
O julgamento vai começar na segunda-feira (28/11), no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste da capital. Responsável pela acusação, o promotor José Carlos Cosenzo afirma que receberia com “indignação” a notícia de pena inferior a 24 anos de prisão. A defesa diz que vai tentar absolvê-la. “Em júri, tudo pode acontecer”, diz a advogada Roselle Soglio, que defende Elize.
Ajuda
Na versão da promotoria, a ré recebeu ajuda para esquartejar o ex-marido. No júri, a acusação vai apresentar como uma das provas o resultado de perícia que aponta presença de DNA de outro homem no cadáver de Marcos. O laudo deixaria claro que duas pessoas atuaram no esquartejamento. “Quem fez as secções das partes superiores não domina técnicas de anatomia”, diz Cosenzo.
Elize tinha conhecimentos de Enfermagem e, por isso, seria a responsável por desmembrar as partes inferiores da vítima, segundo o MPE. Um corte acima do umbigo teria sido feito com precisão de bisturi – e não por faca. “Era preciso ter alguém segurando o corpo para as vísceras não caírem”, afirma o promotor do caso.
De acordo com Cosenzo, não haveria câmeras de segurança instaladas nas saídas de emergência nem sequer no segundo subsolo do condomínio, permitindo que o outro participante pudesse chegar ao apartamento sem ser visto. Segundo afirma, a acusação vai explorar “um hiato” entre a morte de Marcos, o esquartejamento do corpo e a ocultação do cadáver.
A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar a possível participação de outra pessoa no crime, mas as investigações estão sob segredo de Justiça. A advogada Roselle Soglio nega a versão do promotor. “Ele está insistindo em algo que não existe”, afirma. “Não há terceira pessoa. Elize praticou o crime absolutamente sozinha.”
Outro embate que promete marcar o julgamento é se Marcos começou a ser degolado ainda vivo. Segundo o MPE, ele chegou a engolir sangue. A defesa, contudo, afirma que um laudo necroscópico, feito após exumação do corpo, aponta que a vítima já estava morta. As partes devem discutir, ainda, se os crimes foram premeditados.
Retirada de provas
Após pedido dos advogados de Elize, a Justiça retirou do rol de provas três documentos da acusação. Entre eles, um laudo do psiquiatra forense Guido Palomba, para quem Elize seria “psicopata”.