Caixa dois: CCR entrega lista dos políticos beneficiados em São Paulo
Grupo mantinha concessões de rodovias com o estado e fechou um acordo milionário como Ministério Público de São Paulo para manter contratos
atualizado
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Executivos do grupo CCR admitiram que pagaram caixa dois para a campanha de políticos de São Paulo. O grupo mantinha concessões de rodovias com o estado e fechou um acordo milionário como Ministério Público estadual.
Entre os políticos citados estão os ex-governadores José Serra e Geraldo Alkmin (PSDB), o ex-ministro Gilberto Kassab (PSD) e a ex-senadora Marta Suplicy, quando ela ainda fazia parte do PT, entre outros. Os nomes dos políticos foram citados por executivos e ex-executivos da CCR durante a negociação do acordo assinado nesta quinta-feira (29/11) com o Ministério Público do Estado de São Paulo. As informações são do site de notícias G1.
A investigação em São Paulo começou após a delação premiada do operador Adir Assad à Lava Jato. Os promotores paulistas tiveram acesso à delação e interrogaram Assad, que deu detalhes de como se aproximou do grupo CCR, que administra rodovias importantes no estado.
Pelo menos 15 políticos são citados no termo, denominado Auto Composição para Ato de Improbidade. A concessionária se dispõe a pagar multa de R$ 81 milhões – parte desse valor, R$ 17 milhões, será destinada, na forma de doação, à Biblioteca da Faculdade de Direito da USP, nas Arcadas do Largo São Francisco.
Veja os políticos citados:
Aloizio Mercadante (PT) – Foi beneficiário de R$ 1,7 milhão de caixa 2 recebido em 2010, quando foi candidato a governador do Estado de São Paulo pelo PT. Senador pelo Estado de SP entre 2003 e 2010, Mercadante foi ministro da Educação, da Ciência e Tecnologia e da Casa Civil durante os governos Dilma Rousseff (2011-2015).
A defesa de Aloizio Mercadante diz que o ex-ministro “sempre foi muito crítico aos preços dos pedágios praticados nas estradas estaduais e defendeu, como candidato, uma revisão semelhante ao que os governos do PT estabeleceram nas estradas federais”. Mercadante desconhece e estranha essa menção, porque nunca recebeu e não autorizou ninguém a solicitar apoio financeiro de empresas concessionárias de pedágio para sua campanha. “O ex-ministro espera ser ouvido e confia inteiramente na investigação e na justiça. A prestação de contas de sua campanha respeitou rigorosamente a legislação, foi aprovada integralmente pela Justiça Eleitoral e está disponível para consulta de qualquer cidadão há 8 anos”.
Emídio de Souza (PT) – Pediu a um executivo da CCR R$ 3 milhões para a campanha de Mercadante de 2010. Foi a partir desse pedido que houve a destinação do R$ 1,7 milhão de caixa 2. Emídio foi prefeito duas vezes de Osasco, cidade da Grande São Paulo, já foi presidente do Diretório Estadual do PT.
Antonio Mentor (PT) – Recebeu R$ 150 mil de caixa 2 em 2012. Mentor foi deputado estadual pelo PT em São Paulo por vários mandatos. Não conseguiu se eleger para o cargo na eleição deste ano.
As defesas de Emídio de Souza e Antônio Mentor não foram localizadas.
Luiz Marinho (PT) – Recebeu R$ 60 mil em 2012 supostamente com a ajuda do delator Adir Assad, por meio da compra de convites para um jantar de campanha do PT, comprados pelo próprio Assad. Ministro do Trabalho e da Previdência durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva, Marinho foi prefeito de São Bernardo do Campo por dois mandatos. Foi candidato a governador de São Paulo pelo PT neste ano.
A assessoria de Luiz Marinho disse que todos os valores recebidos pela campanha do ex-prefeito de São Bernardo do Campo constam das prestações de contas, todas devidamente aprovadas pela Justiça Eleitoral.
Edson Aparecido (PSDB) – Recebeu R$ 340 mil, entre dezembro de 2012 e março de 2013, por meio de terceiros. Atual secretário de Saúde da gestão Bruno Covas (PSDB), foi deputado estadual e federal por vários mandatos e foi secretário da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin em São Paulo.
A assessoria de Edson Aparecido disse que o Secretário Municipal da Saúde desconhece o teor da delação ou qualquer aspecto desta investigação conduzida pelo Ministério Público. Entretanto, afirma com tranquilidade que jamais recebeu recursos ilícitos e que as contas de todas as suas campanhas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.
Serra, Alckmin, Kassab e Marta
Além deles, outros nomes e valores constam nos depoimentos do executivos da CCR, sendo:
José Serra (PSDB) – R$ 3 milhões para campanha do senador José Serra, candidato à presidência da república 2010;
A assessoria de José Serra declarou que todas as campanhas do senador tucano sempre foram realizadas com rigor técnico, que as contas ficaram a cargo do PSDB e que sempre foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.
Geraldo Alckmin (PSDB) – R$ 4,5 milhões para a campanha do ex-governador Geraldo Alckmin ao governo de São Paulo, também em 2010;
A defesa de Geraldo Alckmin afirmou que o ex-governador jamais recebeu recursos da CCR, que o financiamento das campanhas foi sempre dentro da lei, e que ele desconhece o conteúdo do inquérito.
Gilberto Kassab (PSD) – R$ 2,8 milhões ao ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, para a criação do PSD
A assessoria de Gilberto Kassab declarou que todas as doações recebidas pelo PSD obedeceram à legislação e que o ministro aguarda com tranquilidade a divulgação das informações.
Marta Suplicy (PT) – R$ 1 milhão para Marta Suplicy, na campanha dela ao senado em 2010, quando ainda estava no PT
A defesa de Marta Suplicy não retornou o contato
Campos Machado (PTB) – R$ 1 milhão para acertos de campanha do deputado Campos Machado.
A CCR diz que segue contribuindo com as autoridades públicas para esclarecer os fatos que envolvem a companhia.