Cabral comprou votos para levar Olimpíadas ao Rio por US$ 2 milhões
Novo depoimento foi feito a pedido da defesa do ex-governador para colaborar com as investigações da Operação Unfairplay, braço da Lava Jato
atualizado
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O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, condenado a 87 anos de prisão, comprou, por US$ 2 milhões, votos para levar as Olimpíadas para o Rio, em 2016. Foi o que ele afirmou, nesta quinta-feira (04/07/2019), em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, responsável pela Lava Jato na capital fluminense. Cabral disse que o ex-presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, indicou o presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), Lamine Diack, como intermediário do esquema.
O interrogatório começou por volta das 14h30 e foi um pedido da defesa do ex-governador, que pretende colaborar com as investigações da Operação Unfairplay, desdobramento da Lava Jato. As informações são do G1.
“Eu não sabia qual seria a repercussão de um núcleo europeizado muito forte [na votação]. Nessa natureza, o Nuzman vira para mim e fala: ‘Sérgio, quero te abrir que o presidente da IAAF, lamine Diack, ele é uma pessoa que se abre pra vantagens indevidas'”, depôs Cabral.
Segundo ele, um ex-diretor de operações do Comitê Rio 2016 teria contatado Diack e o filho dele. O grupo teria feito, inicialmente, a seguinte proposta: conseguiria de 5 a 6 votos para garantir as Olimpíadas no Rio em troca de US$ 1,5 milhão.
Mais tarde, a oferta teria sido de até 9 votos no total, mas por um valor adicional de US$ 500 mil.
Africanos e atletismo
No interrogatório, Cabral disse ter perguntado a Nuzman de onde viriam os votos e qual era a garantia de que seriam de fato obtidos. Nuzman teria respondido que viriam de membros africanos do comitê e também de representantes do atletismo.
O G1 entrou em contato com a defesa de Nuzman, que afirmou que se pronunciará quando a audiência terminar.