Bolsonaro não mostrou “insatisfação” com caso Adélio, diz chefe da PFMG
Rodrigo Moraes disse ainda que teve dois encontros com o presidente intermediados e não foram pedidos repasses de informação
atualizado
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O delegado da Polícia Federal Cairo Costa Duarte, superintendente da corporação em Minas Gerais, disse que encontrou-se duas vezes com o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), para tratar do caso Adélio Bispo, que desferiu uma facada no então candidato durante as eleições de 2018.
No primeiro encontro, realizado no primeiro semestre do ano passado, ele relata que, após apresentar os fatos relacionados ao inquérito, o presidente não deu sinais de “insatisfação” com os rumos da investigação.
Na oitiva, realizada na sede da corporação em Brasília nesta quarta-feira (20/05), ele disse que “acredita não ter sido manifestada pelo presidente da República, na ocasião, qualquer insatisfação com relação ao aprofundamento do inquérito”.
Cairo Costa prestou depoimento no inquérito que apura se Bolsonaro tentou interferir na PF. Em 24 de abril, quando Sergio Moro anunciou a sua demissão do Ministério da Justiça, o ex-ministro disse que o presidente interferiu ao substituir o diretor-geral da instituição e tentar trocar o superintendente no Rio de Janeiro.
Na sequência, Bolsonaro fez um pronunciamento negando as acusações e criticou a investigação do caso Adélio feito pela PF de Minas Gerais. Para o presidente, Moro havia dado importância apenas à investigação do assassinato da vereadora pelo Rio de Janeiro Marielle Franco. “Quem mandou matar Jair Bolsonaro?”, questionou, em referência ao movimento que cobra respostas sobre o assassinato de Marielle.
Nessa mesma oitiva, Cairo Costa disse não ter sido cobrado pelo repasse de informações ao presidente – vítima do ataque.
Segundo o delegado, a primeira reunião foi mediada pelo então diretor da PF, Maurício Valeixo, e contou com a presença do então ministro da Justiça, Sergio Moro. Na segunda ocasião, ocorrida há pouco mais de uma semana, os personagens já eram aqueles que chefiam atualmente as duas instituições, o ministro André Mendonça e Rolando de Souza, diretor da PF.
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Ainda sobre a interferência, Cairo Costa informou que tampouco houve repasse de informações sobre a investigação das candidaturas-laranjas do PSL – antigo partido de Bolsonaro – para a Presidência.