Barroso rebate críticas de Gilmar Mendes: “Não frequento palácios”
O bate-boca foi em torno das declarações polêmicas do ex-diretor da Polícia Federal, Fernando Segovia, que acabaram lhe custando o cargo
atualizado
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O clima esquentou durante a sessão desta quarta-feira (28/2) do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Gilmar Mendes voltou a criticar Luís Roberto Barroso, afirmando que o outro magistrado “fala pelos cotovelos”. Barroso revidou e disse que o direito “não é feito para proteger amigos”, e afirmou não frequentar palácios nem trocar “mensagens” amistosas com réus, atitudes atribuídas por ele a Gilmar Mendes. A informação é da GloboNews.
O bate-boca começou quando Gilmar Mendes comentava a polêmica em torno de Fernando Segovia, agora ex-diretor-geral da Polícia Federal, o qual se pronunciou durante uma entrevista sobre o inquérito que investiga o presidente da República, Michel Temer. Barroso é o relator do caso no Supremo e determinou que Segovia se explicasse. Nessa terça-feira (27), após tomar posse como ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann decidiu substituir Segovia por Rogério Galloro no comando da PF.
“O Barroso, que não sabe o que é alvará de soltura, fala pelos cotovelos. Antecipa julgamento. Fala da ‘malinha rodinha’. Precisaria suspender a própria língua”, afirmou Gilmar Mendes. Ao mencionar a “malinha rodinha”, o magistrado fez referência ao julgamento, ocorrido em dezembro de 2017, em que seu colega comentou o vídeo no qual o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) aparece carregando uma mala com R$ 500 mil.“Eu quero dizer que eu vi a fita, eu vi a mala de dinheiro, eu vi a corridinha na televisão”, afirmou Barroso, na época. Em nota enviada à reportagem, Luís Roberto Barroso rebateu as críticas, dizendo que não antecipa julgamentos e nem fala sobre política.
“Jamais antecipei julgamento. Nem falo sobre política. Eu vivo para o bem e para aprimorar as instituições. Sou um juiz independente, que quer ajudar a construir um país melhor e maior. Acho que o Direito deve ser igual para ricos e para pobres, e não é feito para proteger amigos e perseguir inimigos. Não frequento palácios, não troco mensagens amistosas com réus e não vivo para ofender as pessoas”, escreveu o ministro.
Barroso fez referência aos frequentes encontros – muitos deles fora da agenda – entre Gilmar Mendes e o presidente Michel Temer, assim como a proximidade do magistrado com políticos investigados, como o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Em outubro do ano passado, os dois ministros discutiram durante uma sessão do STF. Barroso afirmou que o colega “muda de jurisprudência de acordo com o réu”, enquanto Gilmar disse que o outro foi advogado de “bandidos internacionais”.