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Atiradores de Suzano compraram armas pelas redes sociais, diz MP

Três pessoas foram presas por negociação de revolveres e munições via Facebook e WhatsApp. Todos são maiores de idade

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1 de 1 suzanos desejo3 - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Os dois atiradores que invadiram, no mês passado, a Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, e mataram oito pessoas adquiriram as armas por meio das redes sociais. A informação foi dada nesta quinta-feira (11/4) pelo Ministério Público e pela Polícia Civil, responsáveis pela investigação. Três pessoas foram presas nessa quarta (10) e hoje pela polícia de São Paulo, acusadas de ter negociado armas e munições com os atiradores.

“Essas pessoas têm, por hábito, o comércio de instrumentos ilegais, como armas de fogo com numeração suprimida, pinadas [raspada], por meio da internet. Nesse caso, eles sabiam o que estavam fazendo e para quem estavam vendendo”, disse o delegado de Suzano, Alexandre Dias. Segundo Dias, as armas foram adquiridas por meio do Facebook e do WhatsApp.

O delegado disse que os três presos “negociaram a venda de armas e munições aos autores do crime”. Um deles, um mecânico de 47 anos, que foi detido ontem em Suzano com um revólver e munição, é suspeito de ter negociado armas e munições com os atiradores.

Os outros dois, um vigilante particular e um comerciante, também são suspeitos de ter vendido armas e munição e foram presos hoje, em flagrante. “Um deles foi detido em sua residência, e lá foi localizada uma arma de fogo, de calibre 38, e munições, além de quatro aparelhos celulares. Na casa do outro, também foram encontrados três aparelhos celulares, sendo um deles é produto de roubo”, afirmou o delegado.

Todos os presos são maiores de idade. “A Justiça decretou prisão temporária após o pedido feito tanto pelo Ministério Público quanto pela Polícia Civil”, disse o promotor Rafael do Val.

Além dos três homens presos, foi apreendido um menor suspeito de participação no crime. Segundo o promotor de Justiça, esse menor pode ter sido o mentor intelectual do crime. O advogado do jovem, porém, nega que este tenha ligação com o crime. Outro menor, que pode ter tido “participação de menor importância, ao instigar o menor que está apreendido”, está sendo investigado. Ambos os casos estão sendo acompanhados pela Vara da Infância e Juventude.

Apologia
Segundo o promotor, as investigações buscam ainda pessoas que fizeram apologia ao crime nas redes sociais. “A investigação não vai parar por aí. Já estamos investigando aqueles que têm feito apologia desse tipo de fato, como aqueles que escrevem em redes sociais valorizando o que aconteceu. Já temos alguns identificados”, disse Rafael do Val.

“Vamos fazer tudo para encontrar todas as pessoas que, direta ou indiretamente, participaram desses fatos lamentáveis”, disse o delegado Seccional de Mogi das Cruzes, Jair Barbosa Ortiz. De acordo com o delegado, o objetivo é encontrar e punir as pessoas que fizeram apologia ao crime por meio das redes sociais ou por meio de um computador.

“Tanto a Polícia de São Paulo quanto o Ministério Público farão de tudo para localizar essas pessoas que estejam agindo de forma a aplaudir ou fazendo apologia do bárbaro crime ocorrido em Suzano”, acrescentou. “Todos serão investigados, inclusive aqueles que, embora não tenham participado diretamente do crime, aqui em Suzano, apoiaram de alguma forma, com aplausos, por exemplo, ou que fizeram qualquer apologia ao ocorrido”, ressaltou. “Ninguém está livre de ser investigado.”

Avaliação psicológica
Uma equipe multidisciplinar do Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (Imesc), que é vinculado à Secretaria de Justiça e Cidadania de São Paulo, foi a Suzano nesta quinta-feira para fazer uma avaliação física e psicológica de 11 alunos feridos durante o ataque à Escola Raul Brasil. A perícia médico-legal e psiquiátrica dos estudantes será feita por meio de convênio celebrado com a Defensoria Pública do Estado, que prevê atendimento extrajudicial aos cidadãos.

A equipe do Imesc é composta por 11 profissionais – nove médicos, um psicólogo e um assistente social. Um psicólogo do Centro de Referência e Apoio à Vítima, da Secretaria da Justiça, também estará presente. Os peritos produzirão laudos sobre a avaliação integral do dano pessoal sofrido pelas vítimas.

O ataque
O ataque à escola, ocorrido na manhã do dia 13 de março deste ano, foi feito por dois ex-alunos da escola – um adolescente de 17 anos e um rapaz de 25 anos – encapuzados e armados. Antes de invadir a escola, eles mataram um comerciante, que era tio de um dos atiradores. Na escola, morreram cinco alunos e duas professoras, além dos atiradores. O ataque deixou 11 feridos.

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