Após denúncia contra petistas, Hoffmann vai acionar CNMP
Segundo a presidente nacional do PT, procuradora-geral da República distorceu seus depoimentos de “forma vil”
atualizado
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A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), anunciou nessa quarta-feira (2/5) que irá entrar com uma representação no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) contra a procuradora-geral da República, Raquel Dodge. O motivo é a denúncia apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra ela; seu marido, o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo; o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci.
A denúncia formulada por Dodge foi encaminhada na segunda-feira (30/4) ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo. Segundo a PGR, o PT teria à disposição US$ 40 milhões, em uma conta mantida pela Odebrecht, para cobrir uma série de despesas indicadas pelos petistas, como a campanha de Gleisi ao governo do Paraná, em 2014. Em contrapartida, os integrantes da legenda formulariam decisões políticas em favor da empresa. A senadora também foi denunciada por lavagem de dinheiro. Ela nega os crimes.
Segundo Hoffmann, a acusação contra ela é “absolutamente falsa”. A senadora pediu que Raquel Dodge seja responsabilizada pelo que avalia ser “leviandade, irresponsabilidade e má-fé”. A parlamentar considerou que a acusação foi elaborada com “fragilidade e incompetência”.“A nosso ver, são acusações inventadas como meio de implicar Lula, com quem Marcelo Odebrecht [ex-presidente da empreiteira] não tinha qualquer conversa. Isso no rastro de um amplo movimento político e social para liberar o ex-presidente. Eles não deixam o Lula em paz”, declarou a petista.
Segundo a senadora, a procuradora-geral da República distorceu seus depoimentos de “forma vil”. Em discurso proferido nessa quarta (2), Gleisi Hoffmann admitiu que ela e o marido, então ministros, receberam Marcelo Odebrecht em reuniões oficiais, mas negou qualquer ato ilícito.
“Inclusive, a PGR distorce, de maneira vil, declarações que dei ao ser ouvida no inquérito. Respondendo à pergunta que me foi feita, eu disse que conhecia Marcelo Odebrecht. Na denúncia apresentada, minha declaração é mencionada como se eu tivesse dito que conhecia apenas Marcelo Odebrecht da empresa Odebrecht. Uma interpretação maliciosa, mentirosa, para tentar me desqualificar”, continuou.
De acordo com a petista, no caso de seus encontros com o ex-executivo da companhia, a procuradora-geral fez uma interpretação “maliciosa, mentirosa” para tentar desqualificá-la. “Essa falsificação das minhas declarações é grosseira e até infantil. Por que eu iria negar que recebi empresários em agendas públicas e nas quais tratamos de interesses do Brasil, que além de tudo eram divulgadas no site da Casa Civil, com fotos de muitas delas?”, argumentou. “Mas isso é só uma amostra do que há nessa denúncia agora apresentada. Há trechos muito piores, que demonstram a fragilidade e a incompetência com que foi elaborada”, prosseguiu.
Como Alckmin
A presidente petista também acusa Raquel Dodge de ter “inventado” a denúncia de crime de lavagem de dinheiro para evitar que o processo contra a parlamentar seja enviado à Justiça Eleitoral, visto tratar de suspeita de caixa 2 – que Gleisi Hoffmann também nega ter praticado –, assim como aconteceu com o pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin.
“Essa denúncia é um desvario completo. A PGR, evidentemente, sabe disso. Não posso crer que me acuse, sem sequer examinar as contas. Ignoram deliberadamente, porque, se considerassem a dívida declarada, as contas fechariam, só que as acusações ficariam sem pé nem cabeça. Então, se os fatos contradizem a nossa versão, que se danem os fatos. O importante é a versão”, acusou. “Forçaram para tirar o caso da Justiça Eleitoral. Estou certa de que, se a avaliação das minhas contas tivesse sido feita pelo procurador que avaliou o caso do Geraldo Alckmin, essa denúncia teria sido remetida ao Tribunal Superior Eleitoral”, concluiu a senadora.