Na pressão: manifestantes pró e contra Lula se enfrentam no STF
Após o ministro decidir soltar presos condenados em 2ª instância, o clima ficou tenso entre manifestantes favoráveis e contrários ao petista
atualizado
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Após o ministro Marco Aurélio ter determinado a soltura de todos os presos condenados em segunda instância que ainda tiverem recursos pendentes de análise nas Cortes superiores, o clima ficou quente na frente do Supremo Tribunal Federal (STF). Manifestantes insatisfeitos com a sentença foram à Praça dos Três Poderes e entraram em conflito com um grupo que pressiona o Supremo pela soltura imediata do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com base na decisão de Marco Aurélio Mello. Os dois grupos marcaram, com uma hora de diferença, atos diante à sede da Suprema Corte do país.
A Polícia Militar precisou intervir para separar as duas turmas e conter os ânimos mais acirrados. Foi montado um cordão de isolamento para dividir os manifestantes pró e anti-Lula. Em dois momentos, os PMs que atuavam no local precisaram agir de forma mais enérgica, mas não houve prisões ou embates físicos. Segundo a PM, cerca de 30 pessoas estavam ali para pressionar a Corte pela liberação imediata do ex-presidente. Em torno de 150, exigiam que nenhum dos condenados por corrupção que poderiam ser beneficiados, especialmente o petista, ganhasse a liberdade.
Confira imagens dos protestos:
Os dois grupos trocam ofensas no local. Enquanto os manifestantes favoráveis a Bolsonaro gritam “Lula Ladrao”, os petistas perguntam: “cadê o Queiroz?”, fazendo referência ao ex-assessor do vereador carioca Carlos Bolsonaro, filho presidente eleito, suspeito de movimentar R$ 1,2 milhão em uma conta bancária, durante um ano, e repassar R$ 24 mil para Michelle Bolsonaro, futura primeira-dama. Os manifestantes pró-Lula carregavam bandeiras estampadas com o rosto do ex-presidente e os dizeres: “Lula livre”.
Em contrapartida, o grupo que repudia a decisão de Marco Aurélio – em maior parte defensores do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), e opositores aos governos petistas – carregava bandeiras do Brasil e “pixulecos” (bonecos de Lula como presidiário).
Origem da polêmica
A decisão do ministro do Supremo Marco Aurélio Mello poderia beneficiar o petista, visto que Lula ainda tem recursos a serem analisados tanto no Superior Tribunal de Justiça (STJ) quanto no STF. Cerca de meia hora após a sentença de Marco Aurélio Mello ser divulgada, a defesa do ex-presidente impetrou habeas corpus pedindo sua liberação. Lula está preso desde 7 de abril deste ano, após ser condenado em segunda instância a 12 anos e 1 mês de prisão no caso do triplex do Guarujá (SP).
Filipe Porto, organizador das manifestações a favor de Bolsonaro, em Brasília, afirmou que a convocação foi nacional e assegurou: “o ato não tem hora para acabar”. Além do Movimento Brasil Livre (MBL), o movimento Nas Ruas, coordenado pela deputada Carla Zambelli, o Rua Brasil e movimentos petistas fizeram a convocações de seus seguidores.
Eram quase 20h quando os petistas começaram a deixar o local: foi quando o presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, revogou, liminarmente, a decisão de Marco Aurélio Mello, evitando a liberação de Lula e outros presos da Lava Jato, como o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha. Os manifestantes que exigiam a revogação da determinação de Marco Aurélio permaneceram ainda no local, celebrando a sentença de Toffoli. Os petistas prometem manter a pressão pela liberdade de Lula: alegando que o instrumento usado pelo presidente do STF não é o mais adequado, a defesa do ex-presidente pede que o ministro Marco Aurélio reveja o caso e reinstaure a validade da sentença proferida mais cedo.