ANPR rechaça ataques pessoais de Gilmar Mendes ao ex-PGR Rodrigo Janot
Associação Nacional dos Procuradores da República rebateu, em nota, críticas do ministro durante votação da denúncia contra Temer no STF
atualizado
Compartilhar notícia
A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) rechaçou, nesta quarta-feira (20/9), os ataques pessoais proferidos pelo ministro Gilmar Mendes (STF) ao ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.
Durante a votação da segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer, enviada ao Supremo quando Rodrigo Janot ainda conduzia a PGR, Mendes fez várias críticas à postura do ex-procurador geral.
Segundo ele, a partir da análise dos fatos “não fica nenhuma dúvida” de que Janot sempre teve postura contrária à apuração transparente.” “Logo ele, que vivia com o dedo em riste, como Simão Bacamarte, do Alienista”, afirmou o ministro.
Sentado próximo à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, Gilmar Mendes cita acusação de que Janot teria se apressado em formular denúncia contra Temer para evitar a nomeação da sucessora. “Que motivos ignóbeis, se for isso. Que coisa triste. Que gente decaída”, disparou Gilmar Mendes.
Extrapolou
Em nota, o presidente da ANPR, o procurador Regional da República José Robalinho Cavalcanti, afirma: “… é estranho e espanta o país – mais uma vez – assistir a um juiz, a um ministro da Corte Suprema, usar o sagrado assento que ocupa, e suas prerrogativas, para tecer considerações pessoais, com expressões rudes e juízos definitivos sobre um cidadão, um membro de outra instituição, autoridade que sequer tinha ou caberia ter qualquer conduta sob escrutínio da Corte neste
momento ou neste processo”.
Segundo Robalinho, “causa profunda espécie, e autoriza imaginar intenções políticas e pessoais, que um juiz, em simples questão de ordem, ultrapasse os limites da petição, ou use palavras e raciocínios de tal agressividade, que sequer a defesa teceu”. Para o presidente da ANPR, o caso é de abuso das prerrogativas de um membro do Judiciário.
Veja, abaixo, a íntegra da nota:
No texto, Robalinho defende outros integrantes do Ministério Público Federal, os procuradores da República, Anselmo Lopes, e o Regional da República, Eduardo Pelella. “Não há nada que
os desabone nos áudios citados nem lógica na conversa desconexa em que os delatores citam
seus nomes”, afirmou. “Atacar um membro do Ministério Público Federal em razão do lídimo exercício da função é atacar todos… Todos os Procuradores da República estão e estarão com eles”, encerrou.