André Mendonça será relator de ação sobre imóveis da família Bolsonaro
Dos 107 imóveis adquiridos de 1990 a 2022 pela família, 51 teriam sido pagos com dinheiro vivo
atualizado
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça foi sorteado para ser relator de ação que pede a investigação da compra de imóveis pela família do presidente Jair Bolsonaro (PL) com dinheiro vivo. Mendonça assumiu a cadeira na corte em dezembro de 2021, por indicação do atual chefe do Executivo federal.
O pedido para investigar o caso foi apresentado na quarta-feira (31/8) pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O parlamentar pede que a conduta dos envolvidos seja apurada e esclarecida. Também solicita medidas que considera “indispensáveis aos esclarecimentos dos fatos, como o bloqueio de contas e a busca e apreensão dos telefones celulares e computadores utilizados, a sua perícia e a imediata publicidade sobre os conteúdos que digam respeito ao manifesto interesse público”.
Caberá ao magistrado decidir se instaura inquérito para investigar a família presidencial. No pedido, Randolfe pede sejam ouvidos em depoimento o presidente e seus familiares, como o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e o senador senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
A ex-mulher de Bolsonaro e mãe de Jair Renan, Ana Cristina Siqueira Valle, publicou em suas redes sociais um registro junto ao ministro do STF na quarta-feira (31/8), dia em que os autos do processo foram distribuídos a Mendonça.
Cristina Bolsonaro voltou às manchetes e entrou na mira da Polícia Federal (PF) após informar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ser dona da mansão que dizia alugar. A PF suspeita que ela tenha usado um laranja para comprar o imóvel.
Sempre que era questionada, Ana Cristina afirmava que a propriedade de luxo era alugada. No entanto, conforme revelou a coluna de Igor Gadelha, do Metrópoles, a ex-esposa de Bolsonaro declarou à Justiça Eleitoral que o mesmo imóvel era agora de propriedade dela e valeria R$ 829 mil.
De acordo com relatório produzido pela PF, “a casa avaliada em R$ 3,2 milhões, ao que indicam os elementos de provas disponíveis, foi supostamente adquirida e financiada pela investigada Cristina Valle por meio de pessoa interposta sem ser possível identificar a origem de valores”.
Ainda segundo as apurações, “há indícios de utilização de terceira pessoa interposta para obtenção de financiamento imobiliário. Tal conduta possui alcance típico de delito contra o sistema financeiro”. O imóvel foi comprado em 31 de maio, alguns dias antes da mudança de Ana Cristina.