Acusado, Ricardo Teixeira pode responder por quatro crimes no Brasil
O ex-presidente da CBF é suspeito de participação no esquema para desviar milhões de dólares em jogos amistosos da Seleção Brasileira
atualizado
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O ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira poderia responder por quatro crimes diferentes no Brasil. Ele é suspeito de participação no esquema para desviar milhões de dólares em jogos amistosos da Seleção Brasileira, com a ajuda do ex-presidente do Barcelona Sandro Rosell.
O Ministério Público Federal (MPF) vai solicitar que o processo envolvendo Teixeira seja transferido da Espanha ao Brasil, para que ele possa ser julgado no país. Em uma apuração inicial, porém, procuradores estimam que ele poderia responder por estelionato contra a CBF e apropriação indébita seguida de lavagem de dinheiro. Isso tudo sem contar ainda com crimes contra a ordem fiscal e evasão de divisas.
Uma ordem de prisão partiu da juíza Carmen Lamela, da Audiência Nacional em Madri. “Teixeira obteve, de forma indireta, mediante a um emaranhado societário que se nutria da renda do acordo da ISE (empresa com sede nas Ilhas Cayman) para a Uptrend (empresa de Rosell), grande parte dos 8,3 milhões de euros que a ISE transferiu para a Uptrend pela suposta intermediação desta última”, afirmou. A decisão da juíza foi do dia 12 de junho.A ordem foi dada 15 dias depois da prisão de Rosell e quando os procuradores Vicente González Mota e María Antonia Sanz solicitaram que a Audiência Nacional emitisse a decisão de captura ao brasileiro.
Acordos secretos permitiram que a renda dos jogos da Seleção fosse desviada para uma empresa em nome de Sandro Rosell, aliado de Teixeira e ex-presidente do Barcelona.
No mês passado, Rosell foi preso e a Justiça espanhola apontou que parte do dinheiro que ia para sua empresa, a Uptrend, terminava com o próprio Teixeira. “Durante 2010, Teixeira e sua mulher eram detentores de dois cartões Visa Platinum, com contas da Uptrend em Andbank”, apontou.
“Resulta da investigação que, de sua posição de presidente a CBF, (Teixeira) influenciou na concessão de direitos audiovisuais aos jogos da Seleção, e, enquanto isso, por trás e para o prejuízo da CBF, Rosell negociava um contrato de intermediação”, apontou o documento do processo do caso do ex-dirigente catalão.
Os investigadores concluem, portanto, que “parte dos fundos não foi para a CBF, senão que, de uma forma fraudulenta, foram ao próprio Teixeira”. De acordo com a Audiência Nacional, os fatos apurados levam a crer que o brasileiro acabaria sendo o “destinatário do dinheiro, e não a Confederação (CBF)”.
As autoridades espanholas ainda chegam à constatação de que o delito de Teixeira foi “a apropriação por parte do presidente da CBF dos fundos pagos para obter os direitos dos partidos jogados pela Seleção Brasileira”.
Desde a prisão de Rosell, que deixou o Barcelona pouco depois de um escândalo no qual milhões de euros da contratação de Neymar junto ao Santos foram omitidos, a defesa de Ricardo Teixeira tem negado qualquer tipo de irregularidade.