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Acordo de leniência da J&F, com multa de R$ 10 bi, é homologado no MPF

A holding pagará R$ 10,3 bilhões a título de multa e ressarcimento, desse total, R$ 8 bilhões serão destinados a órgãos públicos lesados

atualizado

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‘Tem que manter isso, viu?’, disse Temer sobre mesada a Cunha, segundo Joesley
1 de 1 ‘Tem que manter isso, viu?’, disse Temer sobre mesada a Cunha, segundo Joesley - Foto: AYRTON VIGNOLA/ESTAD√O CONTE⁄DO

O acordo de leniência da empresa J&F Investimentos firmado com a Procuradoria da República no Distrito Federal foi homologado nesta quinta-feira (24/8) pelo Ministério Público Federal (MPF). Ficou acertado que a holding pagará R$ 10,3 bilhões, a título de multa e ressarcimento. Desse total, R$ 8 bilhões serão destinados a entidades e órgãos públicos lesados em consequência de atos criminosos praticados pelas empresas ligadas à J&F. Os R$ 2,3 bilhões restantes vão financiar projetos sociais.

Conforme decidido, os dados apresentados pela J&F são esclarecedores porque detalham como funcionava o esquema de corrupção envolvendo pagamento de propina pela empresa a agentes públicos. Segundo ela, além disso, fatos novos vieram à tona, acompanhados de elementos concretos, que permitirão a produção de provas nas esferas de responsabilização criminal, civil, administrativa e eleitoral.

Em relação ao valor da multa, que deverá ser paga ao longo de 25 anos, corrigido pelo Índice de Preço ao Consumidor amplo (IPCA), a 5ª Câmara de Coordenação e Revisão considerou o ressarcimento proporcional, calculado de maneira clara e objetiva, segundo parâmetros estabelecidos em lei. “Não foi dada quitação integral, não estando a colaboradora isenta de reparar integralmente os danos que houver causado”, sustentou a subprocuradora-geral. A previsão é que, ao final, o valor pago supere R$ 20 bilhões.

Outro ponto destacado por Nicida, em favor da homologação do acordo, é a destinação de recursos de multa para projetos sociais. “Houve a inserção de cláusula inovadora, que obriga a colaboradora a executar projetos sociais, despendendo valores relevantes em prol de segmentos mais carentes da sociedade e de áreas que estão a merecer maior atenção, como educação e meio ambiente”, detalha em sua fundamentação.

O coordenador da 5ª Câmara, subprocurador-geral da República Marcelo Muscogliati, destacou que o acordo com a J&F é inovador e pode servir de referência para futuras iniciativas semelhantes. “As provas são robustas e úteis, como deve ocorrer em acordos de colaboração premiada e nos acordos de leniência. Este é o ponto central. A empresa holding e os seus sócios estão, pessoalmente, comprometidos ao cumprimento do acordo, sob pesadas penas e responsabilidade em caso de violação,” frisou.

Sigilo
Conforme solicitado pelos procuradores da República responsáveis pelo acordo, a 5ª Câmara retirou o sigilo do acordo.

“Não há quaisquer dados ou informações, nestes autos, que não sejam de conhecimento público, especialmente após o levantamento do sigilo que pesava sobre a PET 7003 (decisão que homologa colaborações premiadas de executivos da J&F), nos autos da qual foram homologados os acordos de colaboração premiada de Joesley Batista, Wesley Batista, Ricardo Saud, Francisco de Assis e Silva, Florisvaldo Caetano de Oliveira, Valdir Aparecido Boni e Demilton de Castro”, esclareceu a relatora.

(Com informações do MPF)

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