Justiça solta PMs e agentes acusados de beneficiar maior milícia do RJ
Policiais e agentes penitenciários foram presos em ação do MPRJ. Eles foram acusados de repassar informações privilegiadas à milícia
atualizado
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Rio de Janeiro – A Justiça do Rio determinou a revogação da prisão de policiais militares e agentes penitenciários acusados de repassar informações e prover segurança privada a milicianos do grupo de Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho (na foto em destaque). Todos foram presos durante a Operação Heron, deflagrada em maio deste ano, pelo Ministério Público (MP-RJ).
A decisão é do juiz Marcello Rubioli, da 1ª Vara Especializada da Capital. Entre os nomes que receberam o alvará de soltura estão os policiais penais Alcimar Badaró Jaques, o Badá, e Carlos Eduardo Feitosa de Souza, o Feitosa ou Feio, além dos PMs Leonardo Corrêa de Oliveira, o sargento Oliveira, e Matheus Henrique Dias de França, o Franc.
Na ocasião, a delegada-assistente da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco), Taiane Moraes, afirmou que os agentes que beneficiavam a ação dos criminosos recebiam “agrados e presentes”.
“Alguns desses agentes eram encarregados de colocar esses criminosos em grupos de WhatsApp para se antecipar às operações. Em troca, estavam sempre configurados presentes e quantias de dinheiro para o caso de informações relevantes a esses criminosos”, afirmou à época.
O magistrado pede, no documento, que os servidores sejam afastados de seus cargos. Eles também estão proibidos de se ausentar do país sem autorização, devem justificar bimestralmente suas atividades e estão desautorizados a entrar em dependências operacionais ou administrativas da Seap-RJ e da Sepol-RJ.
Senha do sistema
A delegada Ana Lúcia da Costa Barros também é ré no processo. De acordo com as investigações, o policial André Guedes Benício Batalha, que é casado com ela, usava sua senha para acessar informações da polícia e direcionava para o grupo criminoso. Ela, no entanto, respondeu ao processo em liberdade.
À época, o MP-RJ afirmou que os agentes públicos eram responsáveis por repassar informações privilegiadas, como “posicionamento de viaturas e investigações em andamento, com evidente prática de corrupção e pagamentos entre milicianos e serventuários do sistema prisional”, a integrantes da organização criminosa que já foi chefiada por Wellington da Silva Braga, o Ecko, morto durante confronto com a Polícia Civil, em junho de 2021.
Após a morte de Ecko, o irmão dele, Zinho, assumiu o posto no comando da maior milícia do Rio. Antes de se tornar chefe, ele ocupava o cargo de operador financeiro do grupo e era responsável por recolher o dinheiro dos negócios ilícitos.