Justiça retoma depoimentos de testemunhas do caso Dom e Bruno nesta 5ª
Dom e Bruno foram assassinados em junho de 2022, no Amazonas. Justiça avalia se réus devem ir a júri popular
atualizado
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A Justiça Federal retoma, nesta quinta-feira (20/7), as audiências no caso do assassinato do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. Os dois foram mortos em junho de 2022, na terra indígena Vale do Javari (AM).
Na audiência desta quinta, cinco testemunhas devem prestar depoimento. A Justiça analisa se os réus Amarildo da Costa Oliveira, conhecido por “Pelado”; Oseney da Costa de Oliveira, o “Dos Santos”; e Jefferson da Silva Lima, o “Pelado da Dinha” serão levados a júri popular.
Na próxima quinta-feira (27), estão previstas as oitivas dos três réus no caso. Caso não haja novas diligências, eles serão os últimos a serem ouvidos antes do veredito do magistrado sobre a convocação do Tribunal do Júri.
Em 5 de junho de 2022, a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) denunciava o desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips na segunda maior terra indígena do país, onde há a maior concentração de povos isolados.
Após dez dias de intensas buscas, os restos mortais foram encontrados esquartejados, carbonizados e enterrados em área de mata fechada, a pouco mais de um quilômetro da margem do Rio Itacoaí.
Audiências
Após sucessivos adiamentos desde março, as sessões foram retomadas em abril, com novos interrogatórios de testemunhas e informantes tanto de acusação, quanto de defesa. Após a conclusão desta fase, o juiz determinou que os réus seriam ouvidos novamente neste mês de julho.
Oseney e Jefferson estão detidos em um presídio federal em Mato Grosso do Sul, e Amarildo, em uma penitenciária federal no Paraná. Além dos três acusados, as investigações da Polícia Federal (PF) indicam que Colômbia é o mandante dos assassinatos.
Em 8 de maio, Amarildo, Jefferson e Oseney falaram pela primeira vez em juízo. Eles foram interrogados por videoconferência, de dentro da cadeia. Amarildo e Jefferson confirmaram a culpa pela morte de Bruno e Dom, conforme já tinham feito à polícia quando foram presos. Oseney, no entanto, nega envolvimento, apesar das investigações o incluírem no caso.
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1),porém, atendeu pedido da defesa dos réus uma semana depois, em 16 de maio, e anulou os depoimentos, aceitando parcialmente um habeas corpus que pedia que testemunhas de defesa indeferidas anteriormente fossem ouvidas.
Na última segunda (17), o TRF-1 realizou a primeira audiência, quando Rubén Dario da Silva Villar, conhecido como Colômbia, prestou depoimento, inicialmente, como testemunha. Ele negou participação no crime e afirmou que nunca conheceu o indigenista. Sobre a relação com o pescador Amarildo, réu confesso do crime, Colômbia disse ter uma relação estritamente comercial.
Relembre o caso
Phillips, 57, e Pereira, 41, desapareceram em 5 de junho, no fim de um curto trajeto pelo rio Itacoaí. Pereira acompanhava Phillips em viagem de reportagem para um livro sobre desenvolvimento sustentável na Amazônia, mas o barco não chegou a Atalaia do Norte, conforme programado.
O desaparecimento foi comunicado às autoridades e à imprensa pela Univaja. Lideranças indígenas atuaram nas buscas ao lado das autoridades.
O exame médico-legal, realizado pelos peritos da PF, indicou que a morte de Dom Phillips foi causada por traumatismo toracoabdominal por disparo de arma de fogo, com munição típica de caça. Foram identificados “múltiplos balins” (múltiplos projéteis de arma de fogo), ocasionando lesões na região abdominal e torácica. Ele foi atingido com um tiro.
A morte de Bruno Pereira foi causada, segundo os peritos, por traumatismo toracoabdominal e craniano por disparos de arma de fogo com munição típica de caça, “que ocasionaram lesões no tórax/abdômen (2 tiros) e face/crânio (1 tiro)”.