Justiça põe no banco dos réus chicoteadores de jovem negro
Davi de Oliveira Fernandes e Valdir Bispo dos Santos são acusados de tortura, cárcere privado e divulgação de cenas de nudez
atualizado
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A Justiça aceitou a denúncia de tortura, cárcere privado e divulgação de cenas de nudez contra Davi de Oliveira Fernandes e Valdir Bispo dos Santos, ex-seguranças do supermercado Ricoy, na zona sul de São Paulo, que chicotearam um adolescente negro flagrado tentando furtar uma barra de chocolate em agosto.
A informação foi divulgada pela TV Globo e confirmada pela reportagem do Estadão.
Nessa segunda (16/09/2019), a Justiça de São Paulo havia pedido a prisão preventiva de Davi e Valdir. No mesmo dia, o Ministério Público do estado denunciou os seguranças pelos crimes de tortura, cárcere privado e divulgação de cenas de nudez por causa da divulgação de imagens por celular da vítima sendo açoitada completamente despida.
Davi e Valdir já haviam sido indiciados pela Polícia Civil pelo crime de tortura.
“Temia pela sua vida”
O rapaz afirmou que, no mês passado, “em data que não recorda, dentro do Supermercado Ricoy, foi instalado no local dos fatos, onde apanhou das gôndolas uma barra de chocolate e tentou sair sem efetuar o pagamento”. “Foi abordado na saída pela pessoa de Santos, segurança do local, o qual conhece já há algum tempo”.
“Ele foi auxiliado por Neto que juntos levaram a vítima até um quarto nos fundos da loja”, narrou.
O jovem acrescentou. “Ali, a vítima foi despida, amordaçada, amarrada e passou a ser torturada com um chicote de fios elétricos trançados. Permaneceu por cerca de 40 minutos, sendo agredido o tempo todo”. “Não sabe dizer se mais alguém percebeu que aqueles seguranças o levaram para dentro daquele quarto onde foi espancado”, consta no termo de depoimento.
“Depois de apanhar bastante, foi liberado pelos agressores e não quis registrar boletim de ocorrência, pois temia pela sua vida. Na saída do supermercado ouviu Santos dizer que caso falasse algo para alguém iria matá-lo”, concluiu.