Justiça manda prender ex-diretora de creche acusada de maus-tratos
Vara Criminal de Justiça de Santa Catarina expediu mandado contra Twuisa Alexandre Marcelino por maltratar crianças de 11 meses a 5 anos
atualizado
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A 2ª Vara Criminal de Justiça de Santa Catarina (SC) expediu mandado de prisão preventiva contra a ex-diretora do Colégio Floripa Bem Me Quer – Desenvolvimento e Movimento, Twuisa Alexandre Marcelino, por maus-tratos contra crianças de 11 meses a 5 anos.
O mandado foi expedido após pedido do Ministério Público de SC, que relatou ameaças da ex-diretora contra pessoas que constam nos autos. Além disso, a mulher teria retirado móveis e limpado a escola, a fim de dificultar a perícia na unidade.
A mulher foi denunciada, em 2022, por um grupo de pais, professores e pedagogos. Os relatos foram de que as crianças passavam fome na escola particular, eram humilhadas, xingadas e trancadas em banheiros. Em um dos casos que as professoras conseguiram filmar Twuisa Marcelino colocando um pano e apertando a cabeça de um bebê de 11 anos porque a criança chorava.
Nas imagens, ela aparece falando para a criança parar de chorar e segura a manta do bebê como se fosse sufocá-lo.
Veja vídeo:
As denúncias de maus-tratos partiram de alguns professores, que se revoltaram contra a diretora e dona das escolas. Com frequência, eles escutavam os pais relatar problemas de comportamento de seus filhos sem saber a razão pela qual aquilo estava ocorrendo. Pressionados e cansados de ver as crianças sofrendo, os profissionais criaram um grupo de WhatsApp com os pais no qual denunciaram a situação.
“O nome da escola é Bem-me-quer, está localizada em Capoeiras. Trabalhei lá por algum tempo e presenciei coisas desumanas feitas com as crianças que estudavam ali. Muitas vezes tentei gravar ou fotografar o que era feito mas a dona do colégio nunca me dava uma folga para isso. Tentei denunciar no Conselho Tutelar várias vezes, mas me disseram que eu precisava de fotos ou vídeos”, relatou uma professora.
Outro relato é de que a diretora mantinha um menino autista sentado o dia inteiro atrás da mesa dela, mantendo-o apenas no celular. “Ela raramente alimentava o menino pois alegava que ele não comia muita coisa. Os remédios que os pais mandavam para ele tomar eram jogados fora, pois ela dizia que ele cuspia nela quando tomava. Quando ele gritava ela mandava ele calar a boca, gritava com ele e, às vezes, batia também”, afirmou uma ex-funcionária.
Três rodelas de bananas
Embora os pais pagassem alto valor de mensalidade para que os filhos tivessem alimentação na escola, os relatos feitos ao Metrópoles eram de que as crianças sempre chegavam em casa com fome. Quando os profissionais decidiram denunciar, contaram às famílias que os pequenos recebiam pouca comida e sempre era macarrão, arroz, sopa ou três rodelas de banana como lanche.
Uma mãe fez um desabafo após receber as denúncias: “Se tornou um verdadeiro pesadelo em função dos relatos do que acontecia com eles naquele ambiente e que vão desde o racionamento de comida, castigos, trancafiar em cômodos separados, xingamentos e chantagem até tapas, chineladas, borrifar álcool no rosto, não administrar remédios de uso contínuo, entre outros maus-tratos como o (suposto) sufocamento do vídeo”, lamentou.
Portas fechadas
Após as denúncias e gravação dos vídeos, a escola fechou as portas. Os advogados da instituição de ensino mandaram uma nota aos pais afirmando que foram divulgadas “fake news” nas redes sociais e que essas informações provocaram prejuízos a ponto de levar ao fechamento temporário das atividades da escola.
Nos autos da ação, os advogados da ex-diretora impetraram Habeas Corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas o pedido de liminar foi negado sob o argumento de que a ordem de prisão do TJ estava muito bem fundamentada em fatos concretos.