Justiça liberta dono da casa onde polícia achou 117 fuzis incompletos
Alexandre Motta de Souza é amigo do sargento reformado da PM Ronnie Lessa, que foi denunciado como um dos autores da morte de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes
atualizado
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A prisão preventiva de Alexandre Motta de Souza, amigo do sargento reformado da Polícia Militar Ronnie Lessa, foi revogada pela Justiça do Rio de Janeiro nessa quinta-feira (06/06/2019). Ele havia sido preso em uma operação na qual a polícia encontrou na casa dele, no bairro do Méier, na Zona Norte, 117 peças de fuzil, que faltavam ainda o gatilho e o cano para ficarem completas. Lessa foi denunciado como um dos autores da morte de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em 14 de março do ano passado.
Ao conceder liberdade provisória, a juíza da 40ª Vara Criminal do Rio, Alessandra Bilac, acolheu o parecer favorável do Ministério Público, com base em informações prestadas pelos policiais que participaram da prisão e o depoimento dos réus. A operação ocorreu dois dias antes de a morte da parlamentar completar um ano. Lessa admitiu em depoimento que o armamento era dele, e que Alexandre guardou apenas as peças em casa a pedido do policial, que era seu amigo de infância. Os dois foram denunciados por posse ilegal de arma de fogo.
Sete horas de interrogatório
A audiência ocorreu por meio de uma videoconferência na tarde de ontem. O interrogatório durou quase sete horas. Ronnie Lessa acompanhou a sessão de uma sala de videoconferência no Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, onde está com a prisão preventiva decretada. Já Alexandre foi interrogado no Fórum Central do Rio.
Durante a fala, Motta reafirmou que todo o material que estava em sua casa era do sargento, seu amigo há 30 anos. Já o PM afirmou que as peças encontradas eram itens de airsoft – jogo em que os participantes utilizam arma de pressão.
Após a revogação da prisão, a juíza expediu o alvará de soltura e concedeu prazo de 10 dias para os advogados dos acusados juntarem documentos. Resta ao Ministério Público estadual e aos advogados de defesa apresentarem as alegações finais.
Apontado como o atirador que matou a vereadora Marielle Franco (PSol) e o motorista Anderson Gomes, o policial militar reformado Ronnie Lessa, 48 anos, foi preso em março deste ano. Também foi preso à época o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, 46, que estaria, segundo as diligências, dirigindo o carro usado no dia do crime. De acordo com o MP, o assassinato, que ganhou repercussão internacional, foi planejado ao menos três meses antes.