Justiça condena casal acusado de matar Vitória Gabrielly em São Paulo
“O castigo para a família é perpétuo”, disse o juiz Flávio Roberto de Carvalho, que condenou Bruno e Mayara a 36 anos de prisão
atualizado
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Rio de Janeiro – O casal Bruno Oliveira e Mayara Abrantes foi condenado na terça-feira (9/11) pelo assassinato da menina Vitória Gabrielly Guimarães Vaz, que tinha 12 anos quando desapareceu, em 2018. Os pais da menina não puderam acompanhar o júri, por conta das medidas sanitárias impostas pela pandemia, e aguardaram a sentença por dois dias do lado de fora do Fórum de São Roque, no interior de São Paulo.
De acordo com a sentença do juiz no, Bruno foi condenado a 36 anos e 3 meses. Já Mayara foi sentenciada a 36 anos pelo homicídio, sequestro e ocultação de cadáver com qualificadoras. Vitória Gabrielly foi morta depois que saiu de casa para andar de patins, em Araçariguama.
Os pais falaram da dor pela espera de um julgamento justo pela morte da filha de 12 anos.
“Ao longo dos últimos 3 anos acompanhamos tudo e não pudemos acompanhar o júri. Foi doloroso, mas independente de qualquer coisa vencemos mais uma etapa. Não sou advogado e nem juiz, eu sou pai. Com a graça de Deus, se Deus permitir, eles vão cumprir [a pena]. Só assim, cumprindo na íntegra, é que vamos manter o coração em paz”, disse ao g1 Beto Vaz, pai da menina.
Juiz fala da frieza
O juiz Flávio Alberto Carvalho ressaltou a frieza dos envolvidos no crime, que só foi confirmado oito dias após o sumiço da menina, quando o corpo de Vitória Gabrielly foi encontrado no meio de um matagal e perto dos patins. “Foi comprar assadeira e colchas como se nada tivesse acontecido [após o crime]. O que ressalta sua frieza e sua periculosidade”, completou o juiz sobre Mayara.
A defesa dos réus pode recorrer da decisão em primeira instância. Antes de Bruno e Mayara, o servente Júlio César Ergesse já havia sido julgado por ter participado do crime em Araçariguama, em 2018. Com as qualificadoras de motivo torpe, meio cruel, recurso que impossibilitou a defesa e crime cometido para ocultar, a primeira condenação de Júlio chegou a 34 anos.
“O castigo para a família é perpétuo. Só restará saudade e as flores no cemitério. O réu, dentro da lei de execução penal brasileira, uma das piores legislações do mundo, uma verdadeira celebração da impunidade conseguirá benefícios com o tempo”, disse o magistrado.
A defesa do servente de pedreiro entrou com recurso no Superior Tribunal de Justiça para tentar anular o júri de 21 de outubro de 2019. Em segunda instância, o Tribunal de Justiça diminuiu a pena dele para 23 anos e quatro meses de detenção, sendo quase dez anos a menos.
Um quarto suspeito também foi preso e é investigado – o julgamento dele ainda não foi marcado. A polícia apurou que Vitória foi raptada por engano para que uma dívida de drogas fosse quitada.
A menina teria sido morta depois que os criminosos perceberam que estavam com a pessoa errada. Por isso, Odilan Alves, que confessou que comandava o tráfico de drogas na região de Araçariguama, pode responder por tráfico de drogas, associação criminosa e também pela morte da menina. Ele negou envolvimento na morte de Vitória.