Justiça acata denúncia do MP contra policiais por ação no Jacarezinho
Os dois agentes também foram proibidos de participar de operações e não podem ter contato com moradores da comunidade
atualizado
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Rio de Janeiro – A Justiça aceitou a denúncia contra os dois policiais civis apontados pelo Ministério Público como envolvidos no homicídio de Omar Pereira da Silva, 21, morto desarmado durante a operação no Jacarezinho, em maio, considerada a mais letal da história da polícia. A juíza Elizabeth Louro, do 2° Tribunal do Júri, também determinou que a Polícia Civil interrompa as investigações que conduzia sobre o caso e envie todos os documentos do inquérito para a Justiça.
Na decisão, a magistrada determinou que os agentes Douglas de Lucena Peixoto Siqueira, que responde por homicídio doloso e fraude processual, e Anderson Silveira Pereira, denunciado pela fraude, sejam proibidos de participar de operações policiais e também não podem ter contato com moradores da comunidade da zona norte do Rio.
Os dois agentes são lotados na Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE), o grupo de elite da Polícia Civil do Rio que liderou a ação no Jacarezinho, resultando em 28 mortos, sendo 27 civis e um policial civil. A denúncia acatada pela Justiça foi a primeira feita pela força-tarefa especial montada pelo MP para apurar os detalhes da investida.
A investigação identificou que Omar foi morto no interior de uma casa na Travessa São Manuel, número 12, no Jacarezinho. De acordo com o MP, a vítima estava encurralada, desarmada e já baleada no pé quando foi executada no quarto de uma criança onde havia se escondido. Os dois policiais ainda desfizeram a cena do crime, retirando o corpo de Omar do local antes da perícia.
Ainda na decisão da magistrada, a denúncia foi aceita também pela comoção e repercussão do caso, motivos que também reforçam as necessidades de afastar os agentes das ruas e suspender a investigação feita pela polícia. “Trata-se de fato de grande repercussão, amplamente divulgado por toda a mídia nacional e internacional, sendo reputada como a mais trágica operação policial do estado do Rio de Janeiro, pelo que tenho que se justificam as medidas cautelares ora pleiteadas pelo órgão ministerial”, escreveu a juíza.