Juros básicos: veja como a alta da Selic afeta o seu bolso
O Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou pela sétima vez seguida a Selic, com efeitos diretos sobre o bolso do consumidor
atualizado
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O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu nesta quarta-feira (8/12) aumentar a taxa Selic (tarifa básica da economia e que regula os juros) em 1,5 ponto percentual, elevando o índice de 7,75% para 9,25% ao ano. A medida busca controlar a inflação, que já chegou no acumulado dos últimos 12 meses a 10,67%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro.
A sétima alta consecutiva eleva o indicador ao maior patamar em pouco mais de quatro anos – em julho de 2017, a Selic estava em 10,25%.
O resultado era esperado pelo mercado financeiro, que se beneficia com o aumento: os juros mais altos tornam o mercado de renda fixa mais atraente, o que também contribui para valorizar o real em relação ao dólar. Para o bolso das famílias, no entanto, a combinação de inflação e juros altos é desvantajosa.
Confira abaixo os principais pontos em que a alta da taxa pode afetar o seu orçamento:
Contas do mês e crediário
O aumento na Selic afeta diretamente os preços. Altas nos valores de compras no supermercado, mensalidades de escola e no preço de remédios podem ser esperadas nos próximos dias.
Com esse aumento, famílias tendem a recorrer ao crediário. O efeito no orçamento, no entanto, pode ser ainda pior. Quando a inflação sobe, a taxa de juros do rotativo do cartão de crédito é afetada diretamente. Em outubro, por exemplo, esse número chegou a 343% ao ano.
Investimentos
Com a escalada dos preços, o dinheiro passa a valer menos, o que prejudica os ganhos das aplicações financeiras. Até o último balanço, feito em outubro, todos os principais tipos de fundos de investimentos tiveram ganhos abaixo da inflação.
Mesmo com a mudança na regra de correção da poupança, o ganho segue rendendo pouco acima de 6% ao ano, abaixo da inflação caso a alta dos preços continue no atual patamar.
Mercado de trabalho e salários
Com o aumento no preço do crediário e uma redução nos investimentos, a tendência é haver menos vendas no comércio e menos produção na indústria. Assim, o número de vagas diminui e o desemprego aumenta.
O efeito nos salários também é prejudicial ao trabalhador. Nos últimos 12 meses, a renda média do trabalhador sofreu um recuo de 11,1%.
Financiamento imobiliário
No setor imobiliário, o impacto maior será nas prestações. Como a maior parte dos contratos são atrelados à Taxa Referencial (TR), o aumento na TR encarece as parcelas.
No entanto, desde o ano passado, há outras formas de financiamento, como com juros corrigidos pela inflação, que não serão afetados.
Por outro lado, a alta nos preços faz com que o setor de construção civil veja um aumento nos custos, o que é repassado ao preço dos imóveis.
Impacto para empresas e governo
O aumento na Selic deixa mais cara a gestão do fluxo de caixa e o crédito para financiar um empreendimento. Além disso, há uma dificuldade de repassar o aumento no custo para o preço do produto, já que o consumidor também tem o poder de compra reduzido.
Em relação ao impacto da inflação nas contas do governo, o preço é cobrado a longo prazo. Ocorre um aumento nos custos com aposentadorias e pensões do INSS, onde o peso no orçamento é maior.
A dívida pública também sofre as consequências, uma vez que a maioria dos títulos emitidos pelo governo para se financiar são corrigidos pela taxa.