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Juros a 12,25%: entenda a onda de cortes e altas da Selic em 2024

Selic começou 2024 em 11,75% ao ano e teve alguns ciclos de baixa, interrompidos em meados de junho

atualizado

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1 de 1 Imagem colorida de dado de madeira escrito Selic, que é a taxa básica de juros do Brasil - Metrópoles - Foto: Getty Images

A taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, começou em 11,75% ao ano. Àquela altura, em janeiro, havia expectativa de que a taxa encerrasse 2024 em menos de dois dígitos. Houve três cortes, em janeiro, março e maio.

Em junho e julho, a Selic foi mantida em 10,50%, até que, em setembro, a decisão foi por uma retomada do ciclo de altas. Desde então, os juros foram subindo até a última alta de 1 ponto percentual, em dezembro, levando a Selic para 12,25%. Com a decisão, a taxa volta ao mesmo patamar de novembro de 2023.

A Selic é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que reúne os oito diretores e o presidente do Banco Central (BC). As reuniões ocorrem a cada 45 dias (confira o calendário de 2025 no fim da reportagem).

Novos aumentos em vista

O Copom já salientou que devem ser feitos novos aumentos de 1 ponto percentual no primeiro trimestre de 2025. As duas primeiras reuniões do colegiado estão marcadas para o fim de janeiro e meados de março.

O comitê prevê que, “em se confirmando o cenário esperado”, ocorrerão ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões. Ou seja, a Selic poderá chegar a 14,25% ao ano ainda nos primeiros meses do próximo ano, logo no início da presidência de Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula (PT).

A última elevação dos juros e as que podem ocorrer não surpreendem, mas a magnitude é questionada. Isso porque, além da alta inflação e dólar nas alturas, declarações de integrantes da diretoria do Banco Central deram a entender que o Copom poderia adotar política monetária mais contracionista, ou seja, optar pelo aumento da Selic para frear a subida da inflação.

Pacote fiscal afetou inflação e dólar, diz Copom

Na ata da última reunião, realizada em 10 e 11 de dezembro, o comitê disse que a reação dos agentes financeiros ao anúncio do pacote fiscal apresentado pelo governo afetou, “de forma relevante”, o cenário da inflação e do dólar mais adverso.

Devido a essas altas nas projeções da inflação e taxa de câmbio, o Copom decidiu optar por uma política monetária mais contracionista (isto é, mais dura para frear o avanço inflacionário), com aumento de 1 ponto percentual nos juros.

“A percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos [dólar e juros futuros] e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio”, destacou o comitê em trecho da ata.

Em relação à política econômica, o Copom frisou que “manteve a firme convicção de que as políticas devem ser previsíveis, críveis e anticíclicas”. Além disso, viu “a necessidade de políticas fiscal e monetária harmoniosas”.

O que significa

A taxa de juros é o principal instrumento de política monetária do BC, para manter a inflação dentro da meta — de 3% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual, sendo 4,5% (teto) e 1,5% (piso), como determinado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Ao elevar a Selic para conter a inflação, a consequência esperada é a redução do consumo e dos investimentos no país. O crédito fica mais caro, e a atividade econômica tende a desaquecer, provocando queda de preços para os consumidores e produtores.

Atualmente, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, está em 4,87% nos últimos 12 meses até novembro — 0,39 ponto percentual acima do teto da meta.

A inflação acumulada em 12 meses aumentou de 4,2% em agosto para 4,87% em novembro. Embora tenha tentado conter o avanço do índice, o Banco Central admitiu que a inflação vai estourar o teto da meta em 2024. Segundo o relatório de inflação, a probabilidade é de 100% — a estimativa anterior (de setembro) era de 36%.

“Como as projeções são superiores à meta, as probabilidades de ultrapassar o limite superior são maiores do que as de ultrapassar o limite inferior”, diz o BC em trecho do relatório.

Para os anos seguintes, o BC elevou as projeções de cumprimento da meta:

  • 2025: passou de 28% para 50%; e
  • 2026: subiu de 19% para 26%.

Em caso de descumprimento da meta, o BC precisa divulgar uma carta aberta ao ministro da Fazenda explicando as razões para o estouro. Isso porque a autoridade monetária é que faz o controle da inflação, por meio da taxa Selic.

Durante o mandato de Roberto Campos Neto à frente da autoridade monetária, a meta foi descumprida em 2021, 2022 e, agora, em 2024. Em 2023 (4,62%), a meta foi cumprida, ficando dentro da margem de tolerância (de 1,75% a 4,75%).

Calendário do Copom para 2025

Janeiro

  • Reunião do Copom: 28 e 29 de janeiro
  • Divulgação da ata do Copom: 4 de fevereiro

Março

  • Reunião do Copom: 18 e 19 de março
  • Divulgação da ata do Copom: 25 de março

Maio

  • Reunião do Copom: 6 e 7 de maio
  • Divulgação da ata do Copom: 13 de maio

Junho

  • Reunião do Copom: 17 e 18 de junho
  • Divulgação da ata do Copom: 24 de junho

Julho

  • Reunião do Copom: 29 e 30 de julho
  • Divulgação da ata do Copom: 5 de agosto

Setembro

  • Reunião do Copom: 16 e 17 de setembro
  • Divulgação da ata do Copom: 23 de setembro

Novembro

  • Reunião do Copom: 4 e 5 de novembro
  • Divulgação da ata do Copom: 11 de novembro

Dezembro

  • Reunião do Copom: 9 e 10 de dezembro
  • Divulgação da ata do Copom: 16 de dezembro

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