Juíza nega pedido para prisão do pastor acusado de golpes milionários
Na decisão, Placidina Pires, da comarca de Goiânia, considerou que o caso já está sob análise do Poder Judiciário de São Paulo
atualizado
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Goiânia – A Justiça de Goiás negou pedido de prisão preventiva do pastor Osório José Lopes Júnior, réu por supostamente aplicar golpes milionários em fiéis de Goianésia, no centro de Goiás, e denunciado por estelionato pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP). A decisão considerou que as acusações contra o religioso, que diz ser inocente, já são analisadas pelo Judiciário paulista.
Proferida na segunda-feira (28/3), a decisão é da juíza Placidina Pires, da 1ª Vara dos Feitos Relativos a Delitos Praticados por Organização Criminosa e de Lavagem ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores, da comarca de Goiânia. Uma semana antes, a Justiça de São Paulo determinou a indisponibilidade dos canais do YouTube de propriedade do pastor, que teria prometido R$ 2 quatrilhões a uma vítima.
“Embora o Ministério Público tenha trazido aos autos elementos indicativos de que Osório José Lopes Júnior teria voltado a praticar delitos semelhantes àqueles apurados na presente ação penal, percebo que os fatos agora noticiados teriam ocorrido em São Paulo e, consoante se infere, já estão sendo objeto de apuração em procedimento criminal específico que tramita no Poder Judiciário daquele estado (SP)”, escreveu a juíza, na decisão.
Denúncias
O Ministério Público de Goiás (MPGO) denunciou o pastor no dia 12 de março deste ano, alegando que ele teria voltado a praticar crimes. No entanto, um dia antes, o pastor já havia sido denunciado pelo MPSP para a Justiça de São Paulo, o que foi considerado pela magistrada goiana em sua decisão. Os crimes teriam sido praticados de novembro de 2013 a junho de 2014.
Em vídeo publicado na internet, Osório, que está em liberdade, se posicionou contra as acusações e possíveis crimes que ele chamou de “coisas erradas”, atribuindo a responsabilidade delas a terceiros. Apesar de se apresentar como pastor, ele não é ligado a uma igreja.
Veja vídeo abaixo:
Novos crimes
Em relação a possíveis novos crimes que teriam sido praticados pelo réu, o Ministério Público informou que, no ano de 2020, Osório teria celebrado contrato de participação em operação financeira com uma vítima. Por meio desse documento, ele teria se comprometido a ceder para esta uma porcentagem do valor que obteria futuramente por meio Tesouro Mundial.
Segundo a denúncia, a vítima, induzida em erro, teria repassado ao pastor, em ocasiões distintas, a quantia total de R$ 190 mil, mas não recebeu o pagamento que lhe havia sido prometido. Além disso, outra vítima foi procurada, em outubro de 2017, e investido R$ 1.490 para participar das operações financeiras de Osório.
O suposto esquema do pastor, segundo o Ministério Público, prometia recompensa com valores que poderiam chegar até 100 vezes do montante inicialmente investido. Para enganar as vítimas, conforme a investigação, elas viam supostas cópias de documentos que seriam Títulos de Dívida Agrária (TODA), com valores bilionários pertencentes a Osório.
Mobilização
Segundo a Polícia Civil de Goiás, um grupo de aplicativo de mensagens de celular reúne mais de 900 pessoas que afirmam ser vítimas do pastor.
De acordo com as investigações, ele fez vítimas em vários estados. Segundo a denúncia, as pessoas eram atraídas por meio de vídeos que o pastor publicava na web. Ele dizia que tem dinheiro no “Tesouro Mundial” e quer repartir. No entanto, para fazer a partilha, alegava que precisava de ajuda financeira dos fiéis.
R$ 2 quatrilhões
Um documento obtido pela equipe de investigação mostrou que Osório chegou a prometer retorno financeiro de R$ 2 quatrilhões para um empresário de São Paulo. A vítima disse à polícia que o valor total investido por ela na operação prometida por Osório ultrapassou R$ 300 mil, montante que teria sido depositado na conta do religioso.
O empresário contou que começou a exigir do pastor o dinheiro prometido. No entanto, depois de muita cobrança, Osório relatou que conseguiu receber de volta R$ 90 mil e mais um carro importado. O investidor disse que buscou o veículo em um escritório do pastor e que, ao voltar para casa, sofreu um grave acidente.
Por causa das lesões, o empresário ficou seis meses sem conseguir andar. O promotor de Justiça Felipe Oltramari, do MPSP, disse ao Fantástico que o acidente ocorreu em “condições misteriosas”.
“Ele acabou sofrendo um acidente em condições misteriosas. Em condições pouco comuns. Dada a anormalidade dessa situação, tudo está a indicar que esse fato merece ser mais bem apurado”, assinalou o promotor.
Em nota, a defesa de Osório José Lopes disse à época que o carro capotou em razão do excesso de velocidade.