Juca Bala repassou US$ 3 mi a Sérgio Cabral em Andorra, diz denúncia
Operador financeiro está preso desde sexta-feira (4/3), quando foi capturado no Uruguai
atualizado
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Na nova denúncia apresentada nesta quarta-feira (8/3) contra o ex-governador fluminense Sérgio Cabral (PMDB) e seu grupo, a força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro acusa pela primeira vez os doleiros Vinícius Claret, conhecido como “Juca Bala” e preso na última sexta-feira (4) no Uruguai em uma operação conjunta da Procuradoria-Geral da República (PGR) com as autoridades do país vizinho e seu sócio Claudio Souza, que usava os apelidos “Tony” e “Peter”.
A Procuradoria aponta que Juca Bala teria sido o responsável por operacionalizar o recebimento de US$ 3.081.460 para Cabral, por meio do Banco BPA de Andorra em contrato de fachada firmado com uma empresa em nome de um dos irmãos Chebar, doleiros e operadores do mercado financeiro que fizeram delação premiada, e Timothy Scorah Lynn, também denunciado nesta quarta.
O nome de Juca Bala apareceu pela primeira vez nas delações premiadas dos operadores financeiros Marcelo e Renato Chebar, que cuidavam das contas de Cabral no exterior. Segundo eles, a partir de 2007, com a ascensão do peemedebista ao governo do Rio, o esquema ilícito de Cabral começou a movimentar mais dinheiro do que eles davam conta de lavar por meio de bancos no exterior para o peemedebista.“Que, com o aumento do ingresso do volume de recursos, precisou comprar dólares no mercado paralelo, pois as operações com os clientes do IDB/NY (Israel Discount Bank of New York) já não eram mais suficientes; que passou a acionar um doleiro de apelido “Juca”; que acredita que o primeiro nome de Juca seja “Vinícius”, mas não pode dizer com certeza pois nunca viu documentação que comprovasse tal fato”, contou Renato Chebar em sua delação.
Com as informações, a Procuradoria da República rastreou o paradeiro de Juca Bala em parceria com a Interpol e as autoridades uruguaias que o prenderam na sexta-feira, 3, cumprindo uma determinação do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal no Rio, que acatou o pedido de prisão da força-tarefa da Lava Jato no Estado. Atualmente ele e se sócio Cláudio Fernando Barbosa estão detidos no país vizinho aguardando o processo de extradição.
Os dois são acusados de atuar na complexa rede arquitetada pelo grupo criminoso liderado pelo ex-governador que incluia contas offshore em paraísos fiscais em nomes de terceiros e até a compra de joias e ouro para lavar o dinheiro da propina.
“Os conjuntos de atos de lavagem de dinheiro narrados tinham por objetivo converter os recursos de propina em ativos de aparência lícita e/ou distanciar ainda mais de sua origem ilícita o dinheiro derivado de crimes de corrupção praticados pela organização criminosa”, segue a Procuradoria da República.
A denúncia desta quarta-feira, 8, aponta os crimes de corrupção passiva, organização criminosa, contra o sistema financeiro nacional e de lavagem de dinheiro praticados pelo ex-governador, seu grupo e os doleiros. Ainda segundo o MPF, “diante da grandiosidade do esquema criminoso”, a denúncia ainda não esgota todos os crimes praticados pelo grupo.
Defesa
A reportagem entrou em contato com o escritório que defende o Sérgio Cabral, mas o advogado do peemedebista estava em reunião e ainda não retornou o contato.