Jovem que gravou a própria morte terminaria com o namorado, diz mãe
Segundo a mãe de Ielly Gabriele, a jovem terminaria o relacionamento com Diego Borges, de 27 anos, no dia do crime
atualizado
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Goiânia – A jovem Ielly Gabriele Alves, que filmou a própria morte, em Jataí, no sudoeste goiano, planejava terminar o relacionamento com o namorado, Diego Fonseca Borges, de 27 anos, preso pelo crime. Segundo a mãe da vítima, a filha terminaria o namoro no dia em que morreu.
O caso aconteceu no último sábado (4/11) e chocou o país. O jovem, que foi filmado pela vítima atirando contra ela, chegou a dizer à Polícia Militar que o casal havia sido abordado por uma dupla em uma motocicleta. No entanto, os policiais perceberam as contradições do rapaz e descobriram a dinâmica real da morte de Ielly.
Relacionamento abusivo
De acordo com a mãe de Ielly, Olesiane Alves, a filha desabafou com ela poucas horas antes de sair com o namorado. “Ela falou: ‘Eu resolvi não querer mais, porque a gente não dá certo. Mãe, nós vamos ficar só amigos. Eu já pedi tanto a Deus para tirar esse sentimento [de mim]. Eu vi que a gente não dá certo”, disse a mãe ao portal G1.
“Ela ainda esquentou um prato de comida para ele, porque ele tinha chegado. Ele comeu, eu conversei com ele”, acrescentou a mulher.
De acordo com Olesiane, o casal ficou junto por quase dois anos. Ela caracterizou o namoro dos jovens como uma relação conturbada, com idas e vindas. “Foi um ano e sete meses de sofrimento. Mais cedo ela disse que não queria mais porque eles ‘não davam certo’ e disse que ele queria conversar com ela”, lembrou a mãe.
Segundo a mãe, a filha sabia que Diego tinha uma arma, mas diz não saber se Ielly tinha conhecimento que o jovem a estava portando naquele momento. De acordo com Olesiane, a filha não falava do relacionamento com frequência, mesmo que ela tentasse ajudar.
“Teve algumas vezes que eles discutiram e ela chegava com algum hematoma. Eu achava ruim intrometer, mas era difícil. Ela não me falava muito porque ela sabia que eu tomava as dores dela”, disse a mãe.
Ainda de acordo com Olesiane, a filha nunca registrou nenhum boletim de ocorrência contra Diego durante o relacionamento. No entanto, ela contou um episódio sofrido pela filha relacionado a uma ex do rapaz.
“Ano passado ele fez uma surpresa para ela, essa ex esteve no local e agrediu minha filha. Ela foi parar no hospital e teve que dar pontos no braço. Ele deu todo o suporte, mas depois disso foi ficando mais conturbado [o relacionamento de Ielly e Diego]. Ela chegava chorando, mas não gostava de falar”, detalhou Olesiane.
“Tiro acidental”
De acordo com o delegado Thiago Saad, durante o depoimento Diego argumentou que o tiro que matou Ielly foi acidental. Segundo o investigador, o rapaz alegou acreditar que a arma estava sem munição.
Ainda de acordo com o delegado, uma tia de Ielly entregou o celular da vítima, onde o vídeo do crime foi encontrado, e relatou episódios de violência sofridos pela sobrinha. De acordo com a mulher, a jovem era vítima de violência doméstica por parte do autor. No entanto, não há nenhum tipo de denúncia contra ele.
Diego já havia sido preso por agressão a uma ex-companheira. “Ele já tem passagens por roubo, injúria e lesão corporal, no contexto de violência doméstica”, informou Saad.
Morte registrada
Ielly chegou a ser encaminhada ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos. Segundo a equipe da PM, a corporação foi acionada para ir até o Hospital das Clínicas, onde a vítima havia dado entrada com perfuração de tiro. No local, os policiais conversaram com o namorado da vítima para entender o que havia acontecido.
Já na delegacia, foi encontrado um vídeo do momento do crime no celular da vítima. As imagens mostram o exato momento em que a jovem é assassinada. É possível ver que o casal conversa em tom descontraído, quando o rapaz aponta a arma contra a namorada e dispara.
Com isso, a jovem cai no chão. Ielly foi atingida na região do tórax. O corpo da jovem foi velado e sepultado nesse domingo (5/11), em Jataí.