Jovem que cheirou pimenta precisa ser carregada pelas escadas de casa
Família, que mora de aluguel, mantém uma vaquinha contínua para custear o tratamento da jovem e comprar uma casa adequada
atualizado
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Goiânia – Doze dias após receber alta médica do hospital, a jovem Thais Medeiros de Oliveira, de 26 anos, que teve uma grave reação alérgica depois de cheirar uma conserva de pimenta, em Anápolis, a 55 km de Goiânia, se recupera em home care particular, na casa onde mora. No entanto, a família vem enfrentando dificuldades, em razão da estrutura do local.
Thais teve o fornecimento do home care negado pela prefeitura de Goiânia. Além disso, a família reside atualmente em uma casa que tem dois andares e, por isso, a jovem precisa ser carregada por escadas sempre que precisa sair de casa.
Veja o vídeo:
Segundo a família, um ano após o incidente, a jovem foi internada mais de oito vezes e ficou mais de 340 dias no hospital, sendo mais de 70 deles na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Nesse tempo, Thais passou por diversos tratamentos, como por exemplo, neuromodulação e sessões de fonoaudiologia e fisioterapia.
Luta por tratamento
Thais teve um edema cerebral em razão da falta de oxigenação, que durou cerca de 15 minutos. Desde então, ela faz tratamentos para tratar as sequelas que ficaram. Atualmente, a jovem não anda, não fala, perdeu parte da visão e batalha com quadros recorrentes de infecções.
“Não é fácil. Eu também cuido das filhas dela, mas está nas mãos de Deus. Enquanto isso, eu vou cuidando dela. Eu ‘tô’ dando tudo de mim. Nunca vou superar, ver minha filha linda maravilhosa, que não me dava trabalho, mas só posso lutar para dar o conforto que ela precisa. Algum propósito há nisso”, seguiu Adriana.
“Estamos aqui na luta, esperando um home care que já foi garantido pela Justiça, mas está sendo descumprido pela prefeitura de Goiânia. Em casa ela fica bem melhor do que no hospital, mas nós estamos sempre em alerta, porque o estado dela é muito inconstante”, disse a mãe da jovem.
Segundo a mãe de Thais, apesar de fazer tratamentos e ser acompanhada por profissionais como fonoaudiólogo e fisioterapeuta, ela nunca foi acompanhada por diversos médicos especialistas, como fisiatra e neurologista. De acordo com ela, até o momento ela só tem pareceres, dessa forma, é necessário procurar cada um desses profissionais, o que deve ser feito e custeado pela própria família.
Adriana conta que a família se mobiliza em prol da vida de Thais. A mãe, que trabalhava em um salão, deixou de trabalhar para cuidar tanto de Thais, como das filhas dela, de 9 e 7 anos. Apenas o marido segue trabalhando e as despesas de alimentação, medicamentos e terapias são custeados por uma vaquinha virtual.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia informou que Thais é assistida por uma equipe do Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer) em casa.
Em nota encaminhada ao G1, a pasta disse também que o Sistema Único de Saúde (SUS) não oferece o home care. “Portanto, ela não se enquadra nos critérios de atendimento do serviço municipal e, por isso, o município recorreu da decisão liminar”, diz a nota.
Vaquinha ativa
A mãe de Thais conta que a família ainda não tem condições financeiras de pagar alguém para ajudar nos cuidados com a jovem. Segundo Adriana, a vaquinha é o que ajuda com todos os gastos.
“Graças a Deus, apesar de tudo, a gente ‘tá’ recebendo muita ajuda. A vaquinha continua ativa, porque as despesas não param. Agora, a nossa expectativa é bater a meta de R$ 315 mil para compramos uma casa. O dinheiro da vaquinha é todo voltado para a Thais e o tratamento dela, como moramos a vida toda de aluguel, precisamos disso para garantir o conforto que ela precisa”, afirma Adriana.
Segundo a mãe, até os médicos ajudam a jovem. “O médico que faz a neuromodulação, um dos tratamentos que ela teve resultados positivos, abriu mão do pagamento, para que a gente use o dinheiro para comprar uma moradia. Tudo o que tem chegado até nós tem vindo com amor, de bom grado, tudo pelo bem dela. Deus deu essa chance da gente cuidar dela”, completou.
Relembre o caso
Durante um almoço na casa do namorado, em Anápolis (GO), Thais passou mal após cheirar um frasco de pimenta em conserva. O caso ocorreu em fevereiro de 2023.
Ela chegou a ser encaminhada ao hospital depois de sofrer uma parada cardiorrespiratória. À época, Thais ficou 20 dias internada em uma UTI. O diagnóstico foi de edema cerebral, com lesões irreversíveis.