Jovem negro sai para fotografar e diz ser perseguido por vizinhos
Gabriel Souzam que trabalha em Jundiaí, viajou a São Paulo para conversar com advogados sobre a situação
atualizado
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Aluno de fotografia e borracheiro, Gabriel Souza, de 17 anos, tem enfrentado uma dura realidade no bairro onde trabalha, Eloy Chaves, em Jundiaí (SP). O jovem aproveita o horário do almoço na borracharia da família para fazer o que mais gosta: tirar fotos. No entanto, tem recebido olhares desconfiados da vizinhança.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Gabriel disse que acredita ser vítima de racismo. Um dia, na borracharia, um cliente mostrou a ele mensagens de grupos no WhatsApp que o tratam como uma pessoa “com comportamento suspeito”.
“Quem encontrar esse rapaz por favor ligar para o 153 [Guarda Municipal], esse indivíduo está tirando foto das casas”, diz uma das mensagens, de acordo com o veículo. Em áudio atribuído ao vereador Antonio Carlos Albino (PSB), a orientação se repete: “Se vocês virem esse indivíduo pela rua, já liguem para o 153 porque a viatura da guarda já está tentando achá-lo pelo bairro. É um suspeito de estar filmando e tirando foto das casas aí.”
Após descobrir a movimentação dos moradores, Gabriel tentou registrar um boletim de ocorrência mais de uma vez, mas, segundo ele, os agentes afirmaram que “não havia crime e se negaram a tomar providências”.
“Tem preconceito envolvido, sim, na minha visão. O Eloy Chaves é um bairro que tem muitos fotógrafos, conheço vários deles, estão sempre pela rua, e isso nunca tinha acontecido, e eles são brancos”, disse ao veículo.
Nessa quarta-feira (09/10/2019), Gabriel viajou para São Paulo com o objetivo de conversar com advogados e pensar em quais providências tomar.
A reportagem procurou o vereador Albino, que disse não ter visto racismo na situação. O parlamentar atribui aos recentes crimes que têm ocorrido no bairro. “Ninguém fala em momento algum da cor dele. Ninguém diz que ele é branco, azul, rosa, verde ou qualquer outra coisa”, comentou.