Jovem com paralisia cerebral usa TikTok para “descomplicar” deficiência
Isabella Savaget, de 20 anos, compartilha com mais de 800 mil seguidores sua rotina como uma pessoa com paralisia cerebral
atualizado
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A estudante de comunicação social Isabella Savaget, de 20 anos, já acumula 800 mil seguidores no TikTok. Além dos conteúdos comuns na plataforma, como coreografias, registros do dia a dia, rotina de treinos e “arrume-se comigo”, Isabella – que tem paralisia cerebral – criou o Bella Descomplica, para quebrar estigmas e preconceitos com a deficiência.
“Em pautas sobre inclusão, pessoas sem deficiência debatem a nossa causa. Um criador de conteúdo com deficiência dá voz à causa em suas redes. Isso é representatividade”, diz a jovem. “Tem tanta gente falando por nós que ficamos invisíveis na sociedade.”
Isabella tem paralisia cerebral devido à falta de oxigenação na hora do parto, o que lesionou a parte motora do seu cérebro. Desde os 7 meses, no entanto, a influencer faz tratamentos e tenta garantir que a deficiência não a defina.
Ela começou a publicar vídeos em 2020, no ápice da pandemia. No início, a ideia foi compartilhar na internet algo que ama fazer: dançar. Ela conta que, mesmo antes de dar seu primeiro passo, aos 6 anos, a música era seu maior incentivo para se levantar.
“A dança sempre foi muito importante na minha vida. Lembro que não conseguia sozinha, mas era só tocar uma música que colocava a mão no joelho e ia até o chão”, conta. “Faço a coreografia do meu jeito, dito o meu ritmo. Dançar é para todos.”
Bella Descomplica
E não é somente esse estigma que Isabella pretende quebrar. Neste ano, ela começou o quadro “Bella Descomplica”, e já publicou vários vídeos mostrando que a deficiência é apenas uma entre suas diversas características.
Em uma das postagens, a jovem mostrou seus recursos assistivos, para ajudá-la a viver uma vida sem depender dos demais. Entre eles, estão cadeira no box, escova de banho de cabo longo, base de maquiagem em bastão, perfume roll-on, tênis com zíper e velcro, adaptador para botão e zíper, canudo e talher com cabo mais grosso.
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Assim, ela mostra que, diferente do que pensam, não depende dos outros para comer, tomar, banho, se vestir ou até mexer nas redes sociais.
Em outro vídeo, Isabella destaca termos capacitistas – como “pessoas especiais” ou “portadores de deficiência” – e alerta para a importância de não utilizá-los. Isabella também já fez vídeos sobre sexualidade, ressaltando como Pessoas com Deficiência (PCD) não são crianças, e podem ter “contatinhos”, como ela descreve.
“Não somos super-heróis ou seres divinos que precisam de milagre ou cura. Só queremos um dia de paz”, finaliza.
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