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Jovem abusada por João de Deus aos 13 anos: “Tentei me matar”

Paranaense, que hoje tem 24 anos, diz que procurou o médium, acompanhada da avó, para se tratar de um quadro de depressão

atualizado

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Jovem paranaense
1 de 1 Jovem paranaense - Foto: RPC Curitiba/Reprodução

Uma estudante de Curitiba (PR) afirma que tentou se matar após ter sido abusada pelo médium João de Deus. O crime teria ocorrido quando ela tinha apenas 13 anos de idade. Em entrevista ao G1 Paraná, Sarah Varnier, atualmente com 24, diz que entrou em “um quadro depressivo” depois do episódio.

Na reportagem, Sarah conta uma versão que se assemelha às demais denúncias registradas contra o líder religioso. Até as 11h desta terça-feira (11/12), o número de casos somava 330. Do total, 252 estão registrados apenas em São Paulo e outros 78 no Ministério Público de Goiás.

Para a jovem, João de Deus escolhe pessoas que considera “vulneráveis”. “Ele abusa porque sabe que a pessoa não vai contar, não vai ter forças”, disse Sarah ao portal de notícias. Ela contou que procurou o médium porque estava com depressão e queria a ajuda do religioso.

A estudante visitou o centro onde o líder atende, em Abadiânia, no Entorno do Distrito Federal, na companhia da avó. No local, João de Deus teria pedido à avó de Sarah para se retirar da sala. “Fechou a porta, me levou para um corredor fino, com uns entulhos, e lá abusou de mim. Quando voltei, estava muito pior. Tentei me matar, passei por coisas difíceis depois”, disse ao G1.

Ele abaixou minha calça, me levou para esse corredor e me empurrou contra a parede. Ele me empurrava contra o corpo dele e passava a mão em mim, nos seios, na bunda…

Sarah Varnier

A jovem disse que chegou a contar para a mãe, mas não houve uma denúncia à época porque a mulher avaliou que não tinha como provar a acusação. O caso de Sarah foi encaminhado à Casa da Mulher Brasileira, em Curitiba. O MP do estado também vai criar uma força-tarefa para ouvir as eventuais vítimas do médium no Paraná.

 

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Depois de passar por diversas cidades, em 1976 decidiu se fixar em Abadiânia (GO), fundando a Casa Dom Inácio de Loyola
O médium estima receber cerca de 5 mil pessoas por semana, atendidas, segundo ele, por um dos 30 médicos incorporados
O movimento de pacientes é tão grande que se tornou a principal fonte de renda da região
A palavra do médium também tem peso na economia da cidade
A maioria das cirurgias feitas por João de Deus tem período de repouso recomendado de pelo menos 24 horas
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João de Deus atende de quarta a sexta e não foi encontrado no centro espírita no dia seguinte após escândalo vir à tona

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Depois de passar por diversas cidades, em 1976 decidiu se fixar em Abadiânia (GO), fundando a Casa Dom Inácio de Loyola

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O médium estima receber cerca de 5 mil pessoas por semana, atendidas, segundo ele, por um dos 30 médicos incorporados

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O movimento de pacientes é tão grande que se tornou a principal fonte de renda da região

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A palavra do médium também tem peso na economia da cidade

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A maioria das cirurgias feitas por João de Deus tem período de repouso recomendado de pelo menos 24 horas

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Com movimento semanal de 5 mil pessoas, era comum a cidade estar cheia todos os dias

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Casa Dom Inácio fica sempre aberta, mas não há atendimentos espirituais aos sábados

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João de Deus é apresentado como um homem simples, amoroso, generoso e... sem defeitos

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Em sua “casa”, também há lanchonete e uma loja de venda de artigos espirituais e livros. Além de farmácia que comercializa água considerada energizada e um medicamento manipulado que custa em média R$ 50

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Força-tarefa
Não param de chegar denúncias contra o líder religioso. Nesta terça (11), os promotores do caso estão se dedicando exclusivamente ao atendimento à população e à interlocução com os coordenadores dos centros de apoio operacional criminal dos demais estados.

As mulheres encaminharam seus relatos por e-mail e pelas redes sociais para os promotores dos dois estados. Entre elas, está uma moradora de Valparaíso (GO), no Entorno do DF. Encorajada por outras vítimas, a dona de casa de 41 anos decidiu denunciar o caso quase duas décadas depois de ter sido abusada pelo líder espiritual, durante uma visita à Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO).

O Ministério Público de São Paulo também criou uma força-tarefa com seis promotores e uma equipe de apoio para apurar denúncias de abusos sexuais contra o médium João de Deus. Famoso por ter recebido celebridades nacionais e internacionais, o líder espiritual atende há mais de 40 anos em Abadiânia (GO), no Entorno do Distrito Federal.

Os depoimentos começam a ser colhidos nesta terça (11). Três mulheres serão ouvidas por dia até sexta-feira (14). O órgão entra em recesso e, portanto, as oitivas retornam apenas no dia 7 de janeiro. A promotora Maria Gabriela Prado Manssur disse que um grupo de 200 mulheres se manifestou sobre abusos praticados pelo médium. Além disso, foram recebidos, apenas nessa segunda (10), 12 relatos por e-mail e 40 via redes sociais em São Paulo. Todas as vítimas serão ouvidas em sigilo e não terão as identidades divulgadas.

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Os casos acontecidos fora de Goiás serão julgados no local da ocorrência do fato. “O Ministério Público está criando mecanismos para facilitar as denúncias dessas mulheres e meninas, e encaminhar para os promotores de onde elas moram”, disse a promotora de Justiça do Núcleo de Gênero do Ministério Público Valéria Scarance.

As promotoras reforçam que as mulheres não devem se intimidar por temer falta de punição. “Pela lei, a palavra da vítima é prova, é reconhecida como meio de prova e tem especial relevância nos crimes de natureza sexual. Pode levar a uma condenação”, disse Valéria. “Você percebe que é uma narrativa com verdade e sede de justiça”, acrescentou Maria Gabriela.

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) também vai receber denúncias de vítimas de crimes sexuais praticados pelo médium João de Deus. Os registros poderão ser feitos pessoalmente na sede da instituição, no Eixo Monumental, ou por meio da ouvidoria, que fará o encaminhamento ao MPGO.

O advogado Alberto Toron, representante do médium, informou que seu cliente nega as acusações e as recebe com indignação. A defesa diz que o religioso se apresentará à Justiça e lembra que a maioria dos atendimentos é feita diante de um grande número de pessoas.

Denuncie
Em São Paulo, o e-mail para denúncias é somosmuitas@mpsp.mp.br
Em Goiás, as vítimas podem encaminhar seus relatos paradenuncias@mpgo.mp.br
As vítimas podem procurar o MPGO por e-mail, pelos telefones (62) 3243-8051 e (62) 3243-8052, ou presencialmente.

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