José Hidasi, conhecido por empalhar animais, morre em GO aos 95 anos
Professor e doutor natural da Hungria, que escolheu o Brasil para viver, explorar e preservar a história da fauna local, morreu em Goiânia
atualizado
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Goiânia – Morreu na capital goiana, nesta segunda-feira (19/7), o professor doutor José Hidasi, de 95 anos. Conhecido internacionalmente pelos trabalhos e estudos na área de biologia e zoologia, com a aplicação da taxidermia (empalhamento de animais mortos), ele sofreu uma parada cardiorrespiratória.
Segundo a família, ele estava internado desde o dia 15/7 no Hospital Monte Sinai, na capital goiana. Hidasi é natural da Hungria e escolheu o Brasil para viver, realizando o grande sonho de explorar e vivenciar a fauna brasileira. Ele chegou ao país em 1950, após lutar a Segunda Guerra Mundial pelo exército húngaro.
O professor participou ativamente da concepção e fundação de uma série de museus naturais no Brasil. Em Goiânia, ele criou o Museu de Ornitologia de Goiânia, onde ele mantinha o acervo de espécimes empalhados. Eram animais provenientes de zoológicos, criatórios particulares e até recolhidos nas estradas, vítimas de atropelamento.
Hidasi fazia a reconstituição dos bichos, por meio do empalhamento, e os expunha nos museus Brasil afora. Para ele, a manutenção da memória dos animais era imprescindível para que as pessoas criassem o senso de importância da preservação ambiental.
Nos últimos anos, após ficar viúvo, o professor foi morar numa casa de repouso em Goiânia. O museu está fechado, atualmente, mas parte do acervo foi doado para a Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUCGO), cujo Museu de Zoologia do Memorial do Cerrado contou com a participação de Hidasi durante o processo de criação.
Acervo de 100 mil exemplares
Ao longo de mais de 50 anos de vida dedicados à zoologia e à ornitologia, o professor acumulou um acervo de mais de 100 mil exemplares de aves, mamíferos, peixes, répteis e outros. O museu dele, em Goiânia, era espaço cativo de visitação, principalmente de alunos de escolas de todo o estado.
Nas redes sociais, familiares expressaram os sentimentos pela morte do professor. O advogado Roberto Hidasi, que é um dos cinco filhos que ele teve, informou aos amigos pelo Facebook o falecimento do pai. “Ele agora voa com seus passarinhos. Não haverá velório. Em breve informo o local e horário do sepultamento”, escreveu.
A neta Chris Hidasi também lamentou: “Voou… tive a honra de tê-lo sempre ao meu lado. A saudade será inevitável, vovô Passarinho”. Ele tinha um apreço especial pelas aves. Foi autor dos livros “Aves de Goiânia”, “Aves de Goiás” e “Aves do Centro-Oeste”, dentre outras publicações.
Um dos grandes projetos recentes de Hidasi era fundar o Museu José Hidasi de História Natural de Brasília.