Joice nega declaração de bens irregular e propõe “Lava Jato paulistana”
A deputada esteve nesta sexta-feira no Mercado Municipal, e admitiu erro na declaração de bens no IR, mas afirmou que correção foi rápida
atualizado
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São Paulo – Candidata à Prefeitura de São Paulo, a deputada federal Joice Hasselman (PSL-SP) esteve na tarde desta sexta-feira (9/10) no Mercado Municipal da capital para ouvir demandas de comerciantes e possíveis eleitores. A ex-líder do governo Bolsonaro defendeu-se da acusação de que teria ocultado valores na declaração de bens à Justiça Eleitoral em 2018 e pregou a criação de uma Lava Jato paulistana.
“[A declaração de bens] foi um erro do partido. O partido errou isso na minha campanha de 2018 e quando vi o erro — não sei se foi com dolo ou não, não interessa — eu imediatamente mandei meu advogado declarar até os centavos que eu tinha em conta. Então isso aí é espuma”, afirmou a candidata, que corre o risco de ter o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em 2017, no Imposto de Renda de Joice constavam bens de R$ 89,9 mil (um Peugeot 206 no valor de R$ 18 mil, uma empresa de R$ 1,9 mil e um terreno em Curitiba avaliado em R$ 70 mil). Em agosto de 2018, o advogado da deputada encaminhou retificação ao Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) informando que a candidata teria bens avaliados em R$ 1,05 milhão (R$ 150 mil em depósitos e R$ 900 mil de uma “construção”).
A informação, no entanto, não foi registrada no sistema eletrônico de registro obrigatório da candidatura no TSE.
Nos corredores do Mercadão, a candidata também aumentou as críticas contra o presidente Jair Bolsonaro em relação à Operação Lava Jato. “Errou muito. Não só criticou a Lava Jato como fez várias ações para acabar com a operação. Desde nomear o [procurador-geral da República, Augusto] Aras, que é declaradamente um boneco de ventríloquo do governo e está usando a máquina da PGR para perseguir desafetos, até atacar diretamente a operação, dizendo: ‘Eu acabei mesmo com a Lava Jato’. E é verdade. Ele usou um tom de ironia, quis fazer uma chacota, uma brincadeira, mas acabou mesmo”, disse Joice.
Dizendo-se afastada do núcleo ideológico do governo, do qual fazia parte, a candidata prometeu criar, se eleita, uma operação Lava Jato municipal para combater a corrupção em São Paulo.
“A começar pela criação de mandato para controlador-geral do município. Hoje, o controlador-geral do município nada mais é do que um empregadinho do prefeito. Então, se ele fizer algo que o prefeito não quer, é trocado. O meu vai ter mandato, nem eu terei ingerência sobre ele. Durante quatro anos, vai ter alguém lá, com perfil de um Sergio Moro ou Deltan Dallagnol, botando corrupto na cadeia”, afirmou Joice.
Sobre a recente alta nos preços nos alimentos, a deputada propôs o estímulo à produção local como medida para deflacionar os produtos a nível municipal. “Eu tenho um projeto para Parelheiros, que é uma das regiões mais abandonadas de São Paulo e pode se tornar um cinturão verde, porque tem vocação agrícola. Lá, é possível implantar um grande centro de produção de orgânicos. Por que ainda não foi feito? Porque todo mundo explora a miséria daquela região e usa a miséria para conseguir votos”, disse a candidata.