Joesley e Saud admitem que há áudios que não foram entregues à PGR
A informação está na íntegra do pedido de prisão dos investigados feito pela procuradoria ao Supremo Tribunal Federal (STF)
atualizado
Compartilhar notícia
O empresário Joesley Batista e o executivo da JBS Ricardo Saud reconheceram em depoimento prestado à Procuradoria-Geral da República (PGR) que sabem de informações e possuem novos áudios que não foram entregues no acordo de delação premiada.
A informação está na íntegra do pedido de prisão dos investigados feito pela procuradoria ao Supremo Tribunal Federal (STF) e aceito pelo ministro Edson Fachin. No entendimento do procurador-geral, Rodrigo Janot, ao que tudo indica, a omissão de fatos nos depoimentos de delação foi intencional.
“Instados a comparecer a Procuradoria-Geral da República no dia 7/9/2017, os colaboradores foram evasivos, deixaram de apresentar fatos importantes e levantaram explicações confusas. Outrossim, reconheceram que há informações e áudios não entregues”, diz Janot.
Os áudios, segundo Joesley, estão “fora do Brasil”, mas ele não foi questionado pelos procuradores sobre onde está esse material e como ele teria sido enviado para o exterior. O empresário afirmou possuir “áudio com relatos de crimes de terceiros interlocutores, sem a participação do depoente”. Os procuradores não indagaram como Joesley teria tido acesso ou teria feito essas gravações de conversas em que não estava presente.Joesley e Saud foram convocados a prestar depoimento na semana passada após a PGR abrir investigação para avaliar a omissão de informações nas negociações das delações. Os dois estão presos desde segunda-feira (11) na superintendência da Polícia Federal em Brasília. A prisão dos acusados é temporária e tem duração de cinco dias.
Outro lado
O advogado de Joesley e Saud, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, divulgou uma nota afirmando que os delatores cumpriram rigorosamente tudo o que lhes era imposto ao assinarem o acordo de delação premiada.
“Não pode o Dr. Janot (Rodrigo Janot, procurador-geral da República) agir com falta de lealdade e, insinuar que o acordo de delação foi descumprido. Os clientes prestaram declarações e se colocaram sempre à disposição da Justiça. Este é mais um elemento forte que levara à descrença e à falta de credibilidade do instituto da delação”, disse o advogado, em defesa da revisão do uso do instituto de delação premiada.
(Com informações da Agência Brasil e da Folha de S. Paulo)