Joesley diz que “não tinha como saber impacto da delação sobre ações”
O dono da JBS teria recebido dados privilegiados sobre venda de ativos e aplicações no mercado de câmbio. Ele depôs à PF nesta quarta (9/8)
atualizado
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O empresário Joesley Batista afirmou à Polícia Federal que “não tinha como saber” a data da divulgação do acordo de delação premiada que fechou com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Dono da JBS, ele depôs nesta quarta-feira (9/8), no inquérito que investiga a venda de ações nos dias que precederam a notícia sobre o acordo e as aplicações no mercado de câmbio.
Os irmãos Joesley e Wesley Batista, principais acionistas do grupo e delatores da Operação Lava Jato, teriam auferido ganhos extraordinários no mercado de compra e venda de dólares e ações do grupo quando o teor das delações dos executivos estava na iminência de ser conhecido.
A delação da dupla mergulhou o governo Michel Temer (PMDB-SP) em sua pior crise política. As revelações de Joesley levaram o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a denunciar criminalmente o presidente por corrupção passiva no caso JBS. A acusação formal foi barrada na Câmara. Temer pediu a suspeição de Janot.
A delação de Joesley e de outros executivos da JBS foi tornada pública em 17 de maio. No dia seguinte, a Bolsa de Valores ferveu. Na avaliação dos investigadores, as empresas do grupo lucraram na aquisição de US$ 2,8 bilhões e evitaram prejuízo de quase R$ 140 milhões.
Depoimento
Após o interrogatório, o grupo J&F confirmou, em nota, que Joesley depôs como parte do processo instaurado em 19 de maio, que analisa a venda de ações da JBS. “O empresário prestou todos os esclarecimentos e segue à disposição e colaborando com as autoridades”, diz o comunicado.
Além de Joesley, Wesley Batista chegou de carro, por volta das 14h30 desta quarta, à sede da PF, em São Paulo, para prestar depoimento. Assim como o irmão, ele responderá ao interrogatório acompanhado do advogado Pierpaolo Bottini. Wesley não deu declarações à imprensa.