João de Deus pede aval da Justiça para continuar atendendo em Goiás
Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, advogado Alberto Toron diz que médium aceita ser filmado e vigiado durante “cirurgias espirituais”
atualizado
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O advogado de João de Deus, Alberto Toron, encontrou-se com o juiz Fernando Augusto Chacha de Rezende, que vai avaliar o pedido de prisão preventiva do médium feito pelo Ministério Público de Goiás. A conversa ocorreu no gabinete do magistrado no Fórum de Alexânia (GO), a cerca de 30 quilômetros de Abadiânia, na tarde desta quinta-feira (13/12). Pouco antes, o advogado esteve com o cliente.
Toron afirmou, em entrevista exclusiva ao Metrópoles, que procurou o juiz para falar sobre a realidade de João de Deus e apresentar alternativas para que seu cliente continue os trabalhos espirituais na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, mesmo não havendo decisão judicial que o impeça de atuar. A reportagem o abordou assim que ele saiu do Fórum.
“Nós trouxemos uma petição, que se ele assim o desejar, para o seu João de Deus continuar o trabalho dele, ele poderá filmar todo o trabalho, se ele quiser colocar policiais na casa, poderá fazê-lo, para se ter certeza de que nada de ilícito ali é praticado. E não queremos que a Justiça entenda como afronta o retorno aos atendimentos”, explicou.
Veja a entrevista:
Também foi solicitado ao Ministério Público acesso ao pedido de prisão preventiva feito à Justiça nesta quarta (12), assim como a todas as provas recolhidas até agora.
“Não tivemos acesso a nenhuma prova. É impossível rebater o pedido de prisão preventiva já que nós não conhecemos seus fundamentos. De qualquer modo, nós salientamos que o senhor João de Deus está à disposição da Justiça para prestar depoimento”, afirmou Toron.
O juiz Fernando Augusto Chacha de Rezende trabalhava nesta tarde com a porta do gabinete trancada devido ao volume de trabalho e não comentou o caso.
Entenda o caso
Desde a madrugada de sábado (8), quando as primeiras mulheres fizeram as denúncias de abuso contra o médium no programa Conversa Com Bial, da Rede Globo, mais de 450 denúncias foram protocoladas em ministérios públicos de 10 estados e do Distrito Federal.
Coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal do Ministério Público de Goiás, Luciano Miranda Meireles avalia que as denúncias de abuso sexual envolvendo o líder espiritual João Teixeira de Faria têm potencial para alcançar uma dimensão maior do que a do caso de Roger Abdelmassih.
O pedido de prisão protocolado pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) no fórum de Abadiânia contra João de Deus abriu um novo capítulo no escândalo sexual envolvendo o médium. Na quarta-feira (12), após aparecer publicamente pela primeira vez desde que as denúncias vieram à tona, o “cirurgião” espiritual permaneceu apenas sete minutos na Casa Dom Inácio de Loyola e saiu de carro rumo a paradeiro incerto.