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João de Deus não admite abusos e diz que atendimentos eram coletivos

Em interrogatório de mais de sete páginas, o médium deu sua versão dos fatos para cada um dos casos apresentados pela polícia

atualizado

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João de Deus
1 de 1 João de Deus - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Enviadas especiais a Goiânia (GO) – Em interrogatório que preencheu sete páginas, o médium João de Deus, alvo de mais de 330 denúncias reunidas pela força-tarefa em Goiás, não admitiu abusar sexualmente de suas seguidoras. De acordo com o delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, André Fernandes, o líder espiritual apresentou a versão dele para cada um dos casos e disse que os atendimentos eram coletivos – e não individuais.

Os investigadores questionaram o fundador da Casa Dom Inácio de Loyola sobre 15 mulheres que registraram ocorrência e prestaram depoimento: “Ele se lembrou de cada um dos casos e explicou o que teria ocorrido. Estava tranquilo e respondeu a todas as perguntas”.

O líder espiritual deve ser ouvido novamente pelas autoridades nesta segunda (17/12). Os defensores do médium consideram a detenção injustificada e, por isso, pretendem impetrar um pedido de habeas corpus, também nesta segunda, para liberar João de Deus ou, ao menos, conseguirem a conversão da prisão preventiva para o regime domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica.

O interrogatório durou mais de quatro horas, na Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), na noite desse domingo (16). Depois, João de Deus foi levado ao Instituto Médico Legal (IML), para exame de corpo de delito, e seguiu rumo ao Núcleo de Custódia do Complexo Penitenciário de Aparecida de Goiânia (GO), onde deu entrada às 22h55 e passou a noite.

De acordo com informações da Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO), o líder espiritual ficou em uma cela de 16 m² com outros três presos (todos advogados). A previsão inicial era de que ficasse isolado, devido à idade (76 anos) do acusado e à natureza sexual das denúncias que resultaram na prisão de João de Deus: ele teria abusado de centenas de mulheres, brasileiras e estrangeiras, durante atendimentos espirituais.

Confira imagens do momento em que João de Deus deixou a delegacia:

 

Ao deixar o prédio da Deic, o advogado de defesa de João de Deus Alberto Toron voltou a pedir cautela na apuração dos casos. “Soa estranho que uma mulher que se diga violentada volte tantas vezes para o atendimento. É preciso que se julgue antes de qualquer condenação”, disse. Toron informou que o médium negou as denúncias.

Encruzilhada
Por volta das 16h30 de domingo, João de Deus se entregou às autoridades goianas. A defesa do médium negociava a rendição do líder espiritual com a Polícia Civil de Goiás desde sexta-feira (14), quando a Justiça do estado expediu mandado de prisão preventiva.

A apresentação do acusado à polícia ocorreu numa encruzilhada de uma estrada de terra na BR-060, zona rural de Abadiânia (GO). João de Deus teria passado os últimos dias em um sítio na região. Foram ao encontro do médium o delegado-titular da Deic, Valdemir Pereira da Silva, e o delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, André Fernandes.

Os policiais chegaram ao local marcado para a rendição em três carros. O acusado chegou no veículo do advogado Alberto Toron, responsável por negociar com o delegado-geral da PCGO. João de Deus não foi algemado. O trajeto de 90 km – de Alexânia até a capital goiana – durou cerca de uma hora. O médium não falou com a imprensa ao desembarcar no prédio da Deic, às 17h55.

Mais de 300 vítimas
A partir das primeiras denúncias, reveladas no último dia 12 no programa Conversa com Bial, da Rede Globo, mulheres do Distrito Federal, de 13 estados brasileiros e de seis países começaram a entrar em contato com o Ministério Público de Goiás. De lá para cá, os promotores colheram 335 relatos de situações em que o médium teria se aproveitado da confiança das depoentes para molestá-las e estuprá-las. Após revelarem os casos, as denunciantes passaram a ser atacadas nas redes sociais.

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