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João de Deus: MPGO terá força-tarefa para apurar denúncias de abuso

MP de Goiás investiga João de Deus há meses. Na segunda-feira (10/12), as vítimas começarão a ser chamadas para serem ouvidas

atualizado

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joão de deus
1 de 1 joão de deus - Foto: Reprodução

O Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) investiga João de Deus desde o primeiro semestre de 2018. A procuradoria em Abadiânia (GO) estava colhendo depoimentos e denúncias de abuso sexual contra o líder religioso. Uma força-tarefa será realizada para ouvir as testemunhas e apurar as novas denúncias. A suspeita é que pelo menos 200 mulheres tenham sido vítimas do médium. Nesta segunda-feira (10/12), os promotores Luciano Miranda Meireles e Patrícia Otoni concedem entrevista coletiva na capital do estado para detalhar as medidas que serão tomadas nas próximas semanas.

Muito antes dessas novas acusações de abusos sexuais praticados pelo médium, entretanto, o MPGO havia denunciado João Teixeira de Faria por fraude sexual, conforme noticiou reportagem da revista Veja Brasília em 4 de setembro de 2013. Uma moça, na época com 16 anos, sofria com crises de pânico e buscou a Casa Dom Inácio de Loyola.

Durante seu atendimento, descreveu ao MP, João teria pedido ao pai da menina, seu acompanhante na ocasião, para ficar de costas e com os olhos fechados. “Em seguida, [João] acariciou os seios, barriga, nádegas e virilha da menina”, descreve a ação. E ainda sustenta: “Não satisfeito, o denunciado segurou, por cima da roupa, a mão da vítima, movimentando-a para cima e para baixo sobre seu órgão genital, afirmando que através daquele tratamento seria curada”.

A juíza da comarca de Abadiânia, Rosângela Rodrigues Santos, considerou em sua sentença que não há como tipificar no episódio o crime de fraude sexual, previsto em quatro hipóteses: substituição de uma pessoa por outra, quando o agente simula celebração de casamento, má-fé em união por procuração e em caso de estado de sonolência da vítima.

“Com efeito, a conduta do acusado, ao afastar-se dos princípios éticos e da caridade que norteiam os ensinamentos de Allan Kardec, foi imoral, mas não caracteriza violação sexual mediante fraude, por ausência de suas principais elementares”, afirmou a juíza em em decisão publicada pela Veja Brasília.

No documento, a magistrada diz ter convicção de que o ato foi praticado, mas considera que a moça, embora com síndrome do pânico, tinha condições de evitar o episódio, por exemplo, pedindo ajuda ao pai, que estava na sala. Aos prantos, a menina teria ficado com nojo das mãos que tocaram em João. O médium foi inocentado em 2010 sob o argumento de defesa de falta de provas para a condenação.

Outras investigações
Ao Metrópoles, o delegado-geral de Polícia Civil de Goiás, André Fernandes de Almeida disse que a PCGO está com uma investigação em curso para apurar todas as denúncias de abuso sexual contra o médium João de Deus. Na segunda-feira (10/12), as vítimas começarão a ser chamadas para serem ouvidas.

“Todas as denúncias serão investigadas. São fatos graves”, ressaltou o policial. O delegado disse, ainda, que o caso será apurado pela Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), com sede em Goiânia. Explicou que, devido à complexidade da situação e à possibilidade de intimidação das vítimas, as investigações serão conduzidas pela especializada da capital goiana e não ficarão em Abadiânia, no Entorno do DF, onde João de Deus faz suas consultas espirituais.

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