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Javier Milei: “Perdedores choram meu reconhecimento internacional”

Em entrevista à BBC, o presidente argentino Javier Milei disse que “perdedores afundaram o país”. Ele também falou sobre ajustes econômicos

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Javier Milei, presidente da Argentina - Metrópoles
1 de 1 Javier Milei, presidente da Argentina - Metrópoles - Foto: Tomas Cuesta/Getty Images

Na Presidência da Argentina desde dezembro de 2023, o economista libertário Javier Milei era recém ingressado na vida pública quando assumiu o cargo. Ele foi eleito deputado nacional apenas dois anos antes de chegar ao Poder Executivo do país. Apesar disso, ele ainda é considerado um estranho à política.

Em entrevista à correspondente da BBC para a América Latina, Ione Wells, Milei se descreveu como “um fanático amante da liberdade” e falou sobre os cortes orçamentários, além de suas relações com países como Estados Unidos, Israel e China.

Famoso por suas polêmicas durante o período eleitoral, como o uso de motosserra, e se autodeclarar “anarcocapitalista”, Javier Milei prometeu cortes e gastos com a “casta política” e, desde que assumiu à presidência, tem realizado o que ele mesmo definiu como “o maior ajuste da história”.

As medidas parecem estar contendo a inflação. O aumento de preços – que ultrapassou os 25% mensais em dezembro – foi reduzido para menos da metade. No entanto, estimativas da Universidade Di Tella, apontam que nestes quatro meses, mais de 3 milhões de argentinos caíram na pobreza.

Confira alguns pontos da entrevista:

Cortes econômicos

BBC News – Gostaria de começar esta entrevista falando primeiro da economia, à qual vocês deram prioridade. Vocês conseguiram baixar a inflação, mas prometeram que o ajuste seria pago pela “casta” política, não pelo povo. Conversei com uma aposentada que me disse, em meio a lágrimas, que isso, nas palavras dela, era mentira, pois são pessoas como ela que pagam com cortes nas aposentadorias e nos salários. O que o senhor diria a ela?

Javier Milei – Bem, a verdade é que isso é falso, que a maior parcela do ajuste quem está é a classe política.

Quando chegamos, a economia argentina tinha déficits gêmeos [resultado negativo nas contas públicas e nas contas externas] de 17 pontos do PIB. E a inflação estava rumo a 7.500% ao ano.

Na verdade, no mês de dezembro a inflação no atacado [aquela referente ao preço de matérias-primas e produtos vendidos pelo setor agrícola e a indústria], foi de 54%, que anualizada é de 17.000%. E já levamos a inflação no atacado de 54% para 5%.

Além disso, reduzimos a inflação ao consumidor. Isto é importante porque o imposto mais regressivo que atinge mais duramente as pessoas é o imposto inflacionário.

Ilhas Malvinas

BBC News – Gostaria de passar agora à política externa. O senhor prometeu aos argentinos um plano para que as Malvinas/Ilhas Falklands sejam argentinas. Como é esse roteiro especificamente?

Milei – Acreditamos que isto tem sempre de ser feito dentro de um marco de paz e como consequência de um processo de negociação de longo prazo, onde se levanta uma discussão adulta entre dois países que têm muito em comum e têm um elemento de discórdia.

Obviamente não é uma solução instantânea, mas uma solução que levará tempo.

Portanto, não vamos abdicar da nossa soberania e também não vamos ter uma situação de conflito com o Reino Unido.

O que procuramos é uma solução para estabelecer um diálogo para que, em algum momento, as Ilhas Malvinas voltem à Argentina.

Apoio à Israel

BBC News – Gostaria de passar a um tema diferente de política externa. O senhor se posiciona como um aliado muito próximo a Israel. O senhor concorda com alguns dos outros aliados próximos de Israel, como os EUA, que Israel deveria mostrar alguma moderação no conflito em Gaza?

Milei – Defendemos e apoiamos o direito à autodefesa do povo de Israel. E Israel realiza as suas operações de acordo com as regras internacionais.

Então, se existe um conjunto de regras internacionais para se movimentar nestes eventos e eles as respeitam, por que isso deveria ser questionado? Ainda não houve uma condenação formal.

No momento em que surgir qualquer excesso, haverá sérias condenações internacionais, e não opiniões.

China

BBC News – Vamos agora passar para outra parte do mundo. O senhor poderia me descrever em uma frase o que pensa de Xi Jinping?

Milei – Bem, não tenho afinidade com os sistemas comunistas. Acredito fortemente na liberdade.

Mas não o conheço pessoalmente para fazer um juízo de valor. Isso seria imprudente da minha parte.

O que posso dizer é que não tenho problemas com o fato de o setor privado argentino fazer negócios com setores chineses.

O comunismo assassinou 150 milhões de seres humanos. Quer dizer, tem sido a maior máquina assassina da história da humanidade.

Portanto, é muito difícil aderir a esse conjunto de ideias que tanto mal causou às pessoas porque, além disso, onde o comunismo foi aplicado foi um fracasso econômico, social e cultural.

Portanto, acredito na liberdade, não acredito em sistemas coletivistas, acredito na liberdade dos indivíduos, não no Estado que oprime os indivíduos.

Reconhecimento internacional de Javier Milei

BBC News – O senhor fez campanha com uma motosserra e modelou sua imagem com base em Elvis, nos Rolling Stones. E alguns o apelidaram de “O Louco”. O senhor tem medo de que sua reputação como “O Louco” faça com que algumas pessoas não o levem a sério? Ou acha que um pouco de loucura é o que o país precisa?

Milei – Veja, as pessoas supostamente sãs deste país, transformaram o país mais rico do mundo no 140º. Portanto, não me importo nem um pouco com os apelidos que os perdedores que afundaram este país possam me dar.

No fundo, todos aqueles que me adjetivaram e falaram essas coisas sobre mim hoje sofrem horrores, choram pelo reconhecimento internacional que tenho, porque quando vou para o exterior as pessoas ouvem o que eu digo e, acima de tudo, olham o que eu estou fazendo.

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