Jaques Wagner: “Hugo Motta é cria do Eduardo Cunha e do Ciro Nogueira”
Líder do governo no Senado diz que o atual candidato de Arthur Lira para a presidência da Câmara também “é cria” do alagoano
atualizado
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O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse, nessa segunda-feira (30/9), que o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), candidato do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), à sucessão, em fevereiro de 2025, “é cria” do senador Ciro Nogueira (PP-PI), do própria Lira e “há quem diga até de Eduardo Cunha”.
“Ele é uma cria. Uma cria do Ciro Nogueira, há quem diga que é uma cria do Eduardo Cunha e também é uma cria do Arthur Lira”, disse Jaques em entrevista à rádio Metrópole, da Bahia.
O senador admitiu que não conhece diretamente Motta, mas que sabe da proximidade com esses políticos. Segundo Jaques, alguns parlamentares afirmavam nos últimos tempos que o deputado do Republicanos era o “candidato do coração” de Lira.
O líder do governo no Senado acrescentou que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha virou “coach de deputado” e que o político voltou a ter um “protagonismo nos bastidores”.
Na avaliação de Jaques, o líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), que antes figurava como o favorito de Lira, mas que acabou não sendo o escolhido, “ficou decepcionado” e “todo mundo ficou muito perplexo”.
“A sensação que eu tenho é que ele [Lira] nunca quis Elmar, e estava enrolando até cair fora. Ou ele ficou com medo de perder e achou que o Elmar não estava conseguindo angariar, galvanizar e ganhar votos que ele precisaria. E tudo o que ele não quer é perder aquela eleição”, argumentou o senador.
O PT está dividido sobre o apoio a Motta na Câmara, apesar de o líder do partido na Casa ter endossado a candidatura. A ligação do deputado do Republicanos com Ciro, que foi ministro de Jair Bolsonaro (PL) e faz forte oposição ao governo Lula, e com Eduardo Cunha, que foi quem andou com o impeachment de Dilma Rousseff (PT), acende um alerta entre os petistas.
Lira teme perder força
Como mostrou o Metrópoles, o maior temor do presidente da Câmara é não manter a influência depois de deixar o comando da Casa. Os antecessores de Lira não conseguiram manter-se em evidência depois que deixaram a função.
Cunha foi cassado e, em 2022, não conseguiu ser eleito deputado. Rodrigo Maia (PSDB) saiu da política e, hoje, atua na iniciativa privada.
Disputa tem três candidatos principais
Atualmente, além de Motta, os deputados Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Antonio Brito (PSD-BA) mantém as candidaturas ao comando da Câmara. Os dois têm um acordo de que o que ficar mais competitivo vai se manter na disputa, enquanto o outro vai desistir para apoiar o mais forte. Ambos organizam uma frente contra o candidato de Lira.
O Metrópoles mostrou que uma ala dos líderes partidários da Câmara avalia que o presidente da Câmara “errou” ao ter fixado o fim de agosto como prazo para anunciar o candidato que teria seu apoio na sucessão ao cargo. Ele teria, na avaliação destes líderes, virado “escravo” desse calendário e, ao fim, não conseguiu construir o consenso que imaginava ser possível.
A eleição para a presidência da Câmara ocorrerá em fevereiro de 2025, assim como a do Senado Federal. O deputado alagoano não pode concorrer, já que está no segundo mandato no comando da Casa.
Dentro da Câmara, o sentimento é de que nunca se antecipou tanto uma disputa. Lira chegou a reclamar dessa antecipação ao longo do primeiro semestre, mas, depois, com três nomes disputando sua “benção”, falou em anunciar um nome até o último dia de agosto. O plano envolvia os outros dois desistirem e haver só uma candidatura.
Não deu certo, e Lira acabou não fazendo um anúncio formal. Foi em um almoço em comemoração do aniversário de Motta em setembro que Lira anunciou que o apoiaria. Coube aos demais líderes presentes fazer o comunicado do apoio em suas redes sociais.