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Janot afirma que “não há como retroceder no combate à corrupção”

O procurador-geral da República acrescentou que, quando várias instituições se unem para lutar contra corruptos, “muitas pernas tremem”

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1 de 1 janot - Foto: Fellipe Sampaio/ SCO/ STF

Logo após receber críticas do Palácio do Planalto, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse nesta terça-feira (12/9) que as reações contra as investigações são “estratégia de defesa”. Em discurso no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), ele acrescentou que “não há como retroceder no combate à corrupção”.

“Como não há escusas para os fatos que vieram à tona, tanto são os fatos e escancarados, que a estratégia de defesa tem sido tentar desacreditar a figura das pessoas encarregadas do combate à corrupção”, afirmou. Janot está em sua última semana no comando do Ministério Público Federal (MPF). Ao iniciar discurso, ele disse que, quando várias instituições se unem no combate à corrupção, “muitas pernas tremem”.

Desde a vinda à tona da delação dos executivos da J&F, Janot tem sido alvo de críticas de vários setores, incluindo por parte da defesa do presidente Michel Temer (PMDB-SP). O procurador afirmou que há reações “proporcionais” ao avanço das investigações. “Nunca se viu tantas investigações abertas, tantos agentes públicos e privados investigados, processados e presos.”

Ele citou frase do americano Henry Ford, criador da montadora de automóveis denominada com o próprio sobrenome, ao dizer que “há mais pessoas que desistem do que pessoas que fracassam” e mandou um recado aos políticos investigados: “Temos de lembrar disso todos os dias e lembrar aos nossos a detratores que não conjugamos dois verbos: retroceder e desistir do combate à corrupção”.

Janot também citou o alemão Bertolt Brecht para dizer “peço a todos que não considerem normal o que acontece sempre” e disse que há um “quadro de patrimonialismo, fisiologismo e clientelismo” que marca a história do Brasil. Segundo ele, os cidadãos são tão confrontados com os escândalos de corrupção que “quase banaliza” a prática.

Ao defender as ações preventivas e repressivas no combate à corrupção, o procurador-geral disse que o país deve lutar “para que as crianças cresçam com a certeza de que vale a pena ser correto, ético”. Segundo ele, é preciso de abordagens preventivas para gerar “formação ética de uma nova geração”. “Não há como retroceder, embora ainda haja muito a realizar”, disse Janot.

Nos seus últimos dias à frente da PGR, o procurador-geral ainda pretende enviar uma segunda denúncia contra Temer e a formação de uma organização criminosa pelo PMDB da Câmara.

Após dizer que nem o mundo nem o Brasil vão acabar com a corrupção, Janot defendeu que se combata “de forma incessante a corrupção endêmica”.

Ele citou que 36% dos participantes de uma pesquisa citaram que o combate à corrupção é a principal demanda para o MPF, à frente do combate ao crime e do acesso aos serviços públicos.

“Isso mostra uma evolução da percepção da sociedade de que o êxito das políticas públicas depende da boa gestão. A sociedade compreende que a corrupção é causa da má prestação de serviços”, disse ele. Segundo o procurador, a corrupção desvia muito dos recursos da saúde, da educação, da infraestrutura e “aniquila sonhos de dias melhores”.

Ele mencionou estudo de 2008 sobre o porcentual do PIB sugado pela corrupção e disse que, atualizando os dados para valores de 2016, o número chegaria a 2% ou 3% do PIB. “Em 2016 isso significaria mais de R$ 100 bilhões, enquanto o déficit primário da união hoje é estimado em R$ 150 bilhões”, afirmou Janot.

Críticas
Um dia após o fim do inquérito da Polícia Federal sobre o chamado “quadrilhão” do PMDB na Câmara dos Deputados, o Palácio do Planalto divulgou, nesta terça, nota à imprensa para rebater as acusações contra Michel Temer. Sem citar o relatório da corporação ou o impasse envolvendo a delação dos executivos da JBS, o texto afirma que “facínoras roubam do país a verdade” e que “bandidos constroem versões” em busca de imunidade ou perdão de crimes.

A nota não é assinada pelo chefe do Executivo nacional, mas pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República.

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