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Janja diz que seu papel será fazer “articulação com a sociedade civil”

Futura primeira-dama diz ao Fantástico que vai fugir de protocolos e quer focar em combater a violência contra a mulher, a fome e o racismo

atualizado

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1 de 1 foto colorida em close de janja - Foto: TV Globo/Divulgação

Socióloga e militante do PT desde 1983, a paranaense Rosângela Lula da Silva, a Janja, de 56 anos, pretende manter, quando seu marido assumir a Presidência da República, o protagonismo que assumiu desde a campanha, quando ajudou na coordenação política e na estratégia de comunicação de Lula.

Em entrevista ao Fantástico, da Rede Globo, na noite deste domingo (13/11), ela disse que quer “ressignificar o conteúdo” do que é ser uma primeira-dama, garantiu que vai estar ao lado do marido em compromissos de trabalho e revelou qual papel vê para si na futura administração.

Em uma conversa que passou por assuntos como a formação política dela, a aproximação com Lula e a dificuldade de um namoro a distância após o petista ficar mais de um ano na prisão, Janja disse que se vê fazendo a ponte entre o governo do marido e anseios da população. Uma “articulação com a sociedade civil”, foi como ela definiu a atuação.

A futura primeira-dama também falou sobre a importância de trabalhar contra o ódio político e a polarização que marcou a campanha. “As instituições da sociedade civil tem o papel de fazer também esse diálogo com pessoas que não votaram na gente”, avaliou ela.

Perguntada pelas apresentadoras do Fantástico sobre os compromissos que quer cumprir com a população brasileira, Janja disse que vai trabalhar para estimular soluções em temas que carrega em sua história: combater a violência contra as mulheres, a falta de alimentação e o racismo.

Se dizendo uma pessoa “propositiva”, e “que vai e faz”, Janja também adiantou “[Lula] sair para trabalhar e eu ficar em casa… Isso vai ser difícil acontecer”, antecipando que seguirá enfrentando críticas nas quais vê ao menos “um pouquinho” de machismo.

“Houve machismo [ em críticas feitas ao longo da campanha] porque a figura do Lula talvez se bastasse e hoje tem uma mulher com ele que soma algumas coisas. Se só se olhava para ele, hoje tem uma soma, que sou eu”, completou.

 

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Simone Tebet (MDB) e Janja durante a campanha de segundo turno
Janja, a futura primeira-dama
A socióloga se filiou ao PT em 1983
Janja no Rock'n'Rio
Lula e a esposa, Janja, na Amazônia
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Janja começou a namorar com Lula antes de ele ser preso, em abril de 2018

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Simone Tebet (MDB) e Janja durante a campanha de segundo turno

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Janja, a futura primeira-dama

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A socióloga se filiou ao PT em 1983

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Janja no Rock'n'Rio

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Lula e Janja se casaram em maio de 2022

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#RespeitaJanja

A futura primeira-dama inspirou um intenso debate sobre machismo e lugar da mulher na sociedade ao longo da última semana. Comentarista de política da GloboNews, a jornalista Eliane Cantanhêde criticou no ar o protagonismo de Janja na transição de governo. “Ela não é política”, afirmou Cantanhêde, que comparou Janja com outras primeiras-damas.

“Eu acho que um bom exemplo de primeira-dama foi a Ruth Cardoso que, como a Janja, tinha um brilho próprio, era uma professora universitária […] mas ela não tinha protagonismo, ela não tinha voz nas decisões políticas. Se tinha, era a quatro chaves dentro do quarto do casal”, afirmou Cantanhêde, em referência à esposa de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), falecida em 2003.

“Ou seja, já incomoda, sim, porque ela já começou a participar de reunião, já vai dar palpite, e daqui a pouco ela vai dizer ‘ah, esse pode ser ministro, esse aqui não pode’. Isso dá confusão. Se é assim na transição, imagina quando virar presidente”, completou a jornalista, que foi muito criticada desde a transmissão.

André Trigueiro rebateu a colega no ar, sugeriu abolir o termo primeira-dama e e disse que “lugar de mulher é onde ela quiser”.

Janja ganhou intenso apoio nas redes sociais, simbolizado por uma hashtag: #RespeitaJanja.

Uma das personalidades que se posicionou foi a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que fez uma série de postagens nas redes sociais na noite deste domingo (13/11). “Em defesa das mulheres: um dos fatos mais preconceituosos da semana foi a tentativa da jornalista Eliane Cantanhêde de reviver o triste, lamentável e misógino episódio do ‘bela, recatada e do lar'”, escreveu Dilma, referindo-se ao título de uma reportagem sobre a ex-primeira-dama Marcela Temer.

“A jornalista que critica uma mulher por ocupar excesso de espaço, participar de reuniões e dar palpites é preconceituosa. Simone de Beauvoir ensinou que o opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos”, continuou Dilma. “Exigir das primeiras-damas que sejam silenciosas é reproduzir pior da misoginia e do machismo. Janja tem de ser respeitada. Lugar de mulher é onde ela quiser estar. Isto vale para jornalista, vale para militante que seja mulher de presidente, vale para cada uma de nós, mulheres”, concluiu a petista.

A jornalista da GloboNews respondeu muitos dos perfis que lhe criticaram nas redes sociais, disse que elogiou Janja e argumentou que seu objetivo foi separar a relação pessoal da função pública. Veja uma das respostas, endereçada à deputada federal reeleita Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT:

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