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Sem partido há mais de um ano, Bolsonaro recebeu convites de ao menos 4 siglas

Para se candidatar à reeleição, em 2022, Bolsonaro precisa estar filiado a um partido político. Legendas do Centrão cortejam o presidente

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1 de 1 21_01_2021_12_22_54 - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

Quando deixou o PSL, em novembro de 2019, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou intenção de criar uma nova sigla. O Aliança pelo Brasil, que já foi inclusive anunciado em evento público, ainda não conseguiu reunir o número mínimo de assinaturas e segue em suspenso.

Segundo consulta ao portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), até o momento, foram reunidas 56.834 das 491.967 assinaturas necessárias para dar origem a um partido – o que representa menos de 12% do número exigido. Segundo determina a lei, o presidente precisa se filiar a uma legenda até seis meses antes do início do primeiro turno, que acontece no primeiro domingo de outubro.

Em novembro do ano passado, Bolsonaro sinalizou que, caso não conseguisse viabilizar o Aliança, teria uma “nova opção” até março de 2021. “Não é fácil formar um partido hoje em dia. A gente está tentando, mas se não conseguir, a gente, em março, vai ter uma nova opção”, disse ele a apoiadores no Palácio da Alvorada.

Das 24 siglas com representação no Congresso, ao menos quatro já convidaram Bolsonaro a integrar seus quadros: PTB, PL, PP e Patriota. As quatro integram o chamado Centrão, bloco de partidos de centro e centro-direita que em 2020 passou a dar sustentação ao governo Bolsonaro na Câmara.

O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, convidou o mandatário a retornar para a sigla, que Bolsonaro integrou entre 2003 e 2005, quando era deputado federal. O período também coincidiu com o início do primeiro governo Lula (PT), quando o PTB era da base do governo. Jefferson tem feito gestos com frequência a Bolsonaro para reforçar o desejo de vê-lo no partido.

Parte da bancada do PTB na Câmara, composta por um total 11 deputados, se reuniu com Bolsonaro no último dia 13, no Palácio do Planalto. Entre os assuntos, o convite para o chefe do Executivo ir para o partido foi reiterado, segundo relato do deputado Paulo Bengtson (PA).

Apesar dos sucessivos convites, existe uma resistência ao PTB, dado que o presidente da sigla foi preso depois do escândalo do Mensalão. A ligação contrasta com a tese de moralidade pública que Bolsonaro tenta colar à sua imagem.

O PP, partido do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PR), também já convidou Bolsonaro. Em dezembro, o presidente nacional da sigla, Ciro Nogueira (PI), afirmou que seria “uma honra” para o partido ter o presidente como filiado.

“Eu já manifestei o convite e seria uma honra para o partido ter o presidente Jair Bolsonaro. Existe uma identificação. Nunca um governo teve tanta identificação com um partido como esse, mas não acho que isso vai acontecer em um curto prazo, talvez tenha definição em meados do próximo ano. O PP está trabalhando para receber a filiação dele”, disse Nogueira em entrevista à Jovem Pan.

O PP fez parte da base do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e também compôs a base aliada e recebeu ministérios durante os governos do PT. Na gestão Michel Temer (MDB), Ricardo Barros foi ministro da Saúde.

Por sua vez, Bolsonaro tem feito acenos ao PP, sigla à qual foi filiado por mais tempo em sua carreira política. Em junho do ano passado, o chefe de gabinete de Ciro Nogueira foi nomeado para presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão vinculado ao Ministério da Educação e que possui orçamento robusto.

Caso confirme sua filiação, será a terceira ida de Bolsonaro ao PP – ele foi filiado à legenda em várias encarnações (sob outras siglas) e, na atual configuração, entre 2005 e 2016. Procurado pela reportagem, o presidente do partido informou que o o chefe do Executivo federal deverá definir a questão partidária somente no fim do primeiro semestre.

Outra legenda que tem cortejado o presidente é o PL. O senador Jorginho Mello (SC) abriu portas para Bolsonaro se filiar ao Partido Liberal na última quarta-feira (19/1), durante audiência no Planalto. Não foi a primeira vez que os dois conversaram sobre essa possibilidade, mas desta vez o convite foi oficializado.

Segundo a assessoria do senador, todos os três senadores e os 40 deputados federais querem e fazem questão da filiação do presidente da República ao PL.

O Patriota completa a lista de legendas interessadas na filiação do presidente. O presidente nacional do partido, Adilson Barroso, disse ao Metrópoles, porém, que a ida de Bolsonaro ao Patriota seria “um grande milagre”, dada a concorrência.

“Hoje, a concorrência partidária é tão gigante que eu acho que não sobra para nós nem oportunidade de conversar. Eu creio que tem partidos muito poderosos, todos querem ele”, afirmou. Segundo Barroso, há o desejo de ter o presidente nos quadros do partido, mas “infelizmente ele ainda não nos procurou”.

“Se procurar e vier, é um grande milagre.” Barroso afirmou que, com o presidente filiado, em três semanas, o partido dobraria de tamanho. Atualmente a legenda tem seis deputados federais e nenhum senador. Na eleição municipal de 2020, conquistou 13 prefeituras.

Apesar dos convites recentes, o presidente ainda não informou qual legenda irá optar nem a data de divulgação da escolha. A Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) foi procurada para comentar, mas não respondeu até a última atualização desta matéria.

Ao longo de suas três décadas de carreira política, Bolsonaro foi filiado a diversos partidos, apenas na última década esteve no PTB (2003-2005), PFL (2005), PP (2005-2016), PSC (2016-2018) e PSL (2018-2019).

Filhos filiados ao Republicanos

Além dos convites oficiais, Bolsonaro recebeu uma proposta do bispo Edir Macedo para se filiar ao Republicanos, partido ao qual dois de seus três filhos políticos aderiram recentemente. A sigla tem em seus quadros o ex-prefeito do Rio Marcelo Crivella, para quem Bolsonaro fez campanha em 2020, mas que acabou não reeleito. A legenda nega que tenha ocorrido uma conversa com o presidente.

O senador Flávio Bolsonaro (RJ) e o vereador do Rio Carlos Bolsonaro se filiaram à legenda em março de 2020. Flávio deixou o PSL após desgastes internos na sigla, com divergência com o líder do partido no Senado, Major Olímpio (SP), que rompeu com o presidente.

Por sua vez, Carlos deixou o PSC depois dos primeiros atritos com o governador afastado do Rio Wilson Witzel (PSC). Carlos se reelegeu no pleito municipal pela sigla de denominação cristã na eleição do ano passado.

A mãe dos três primeiros filhos do presidente, Rogéria Bolsonaro, também se filiou ao Republicanos no início do ano passado. Candidata a uma vaga na Câmara Municipal do Rio em 2020 ao lado do filho Carlos, ela não se elegeu.

Uma outra legenda que pode atrair o presidente é o PSD, partido do ministro das Comunicações, Fábio Faria (RN), que está licenciado de seu mandato na Câmara e que é um dos ministros mais próximos do presidente hoje. O partido é presidido pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, que ainda não se manifestou publicamente sobre o convite. A legenda foi procurada para comentar, mas ainda não se manifestou. O espaço permanece aberto.

E o PSL?

O PSL foi o partido pelo qual Bolsonaro se elegeu presidente da República, em 2018, e ao qual um de seus filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (SP), segue filiado. Ao contrário dos irmãos e do pai, Eduardo não pode se desligar da sigla porque corre o risco de perder o mandato na Câmara dos Deputados.

A saída do presidente da sigla, pouco mais de um ano depois de ter se filiado para disputar a eleição de 2018, foi conturbada e os atritos com o presidente da legenda, Luciano Bivar (PE), por causa de controle de recursos, gerou um racha no partido, que segue até hoje.

Em agosto do ano passado, Bolsonaro conversou com alguns parlamentares do PSL para discutir um possível retorno à legenda. Segundo fontes, foram estabelecidas algumas condições para que fosse concretizado, como a anulação da suspensão de deputados aliados a Bolsonaro, além da retirada de parlamentares que costumam criticar o presidente do comando de diretórios estaduais, a exemplo da deputada Joice Hasselmann (SP).

A conversa esfriou e o PSL vive outro conflito interno às vésperas da eleição para a presidência da Câmara. Uma ala do partido apoia Baleia Rossi (MDB-SP) e outra sai em defesa de Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão e candidato do Palácio do Planalto.

Frente a esse cenário, o vice-presidente nacional do partido, deputado Junior Bozzella (SP), não vislumbra possibilidades para um retorno de Bolsonaro à sigla.

 

 

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