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Covid-19: na crise, Bolsonaro prioriza discurso econômico

O Metrópoles mapeou as principais declarações do presidente da República sobre a crise causada pelo novo coronavírus

atualizado

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Fotos: Rafaela Felicciano/Metrópoles
Jair Bolsonaro
1 de 1 Jair Bolsonaro - Foto: Fotos: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na noite de terça-feira (24/03), em que ele pediu em rede nacional o fim do “confinamento em massa” devido ao coronavírus, repercutiu por todo o país. As palavras foram criticadas do meio político ao científico. O (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, buscou frases e medidas assinaladas pelo chefe do Executivo sobre o assunto.

A análise mostra que Bolsonaro se preocupou com o efeito do vírus na questão econômica desde o início. Em 27 de janeiro, a Covid-19 ainda não havia chegado ao país, e ele falou sobre como a doença iria afetar a bolsa de valores e o preço do dólar. Mas as menções ao assunto são tão presentes quanto às feitas ao coronavírus. Foram 12 referências de cada lado.

Bolsonaro se referiu duas vezes à C0vid-19 como gripezinha. Também a classificou como doença superdimensionada e resfriadinho. Confira as principais falas do presidente e veja em quais contextos elas estavam inseridas:

31 de dezembro
Ministério da Saúde anuncia monitoramento diário da situação junto à Organização Mundial da Saúde (OMS)

 

22 de janeiro
– Total de 17 mortes na China e confirmação do primeiro caso nos Estados Unidos
O governo federal notifica a área de portos, aeroportos e fronteiras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para as medidas de prevenção à entrada do coronavírus no país

27 de janeiro

“Estamos tendo problema nesse vírus aí, o coronavírus. O mundo todo está sofrendo. As bolsas estão caindo no mundo todo, com raríssimas exceções. O dólar também está se valorizando no mundo todo, e no Brasil o dólar está R$ 4,40. A gente lamenta, porque isso aí, mais cedo ou mais tarde, vai influenciar naquilo que nós importamos, até no pão, o trigo. Vai influenciar”, Jair Bolsonaro ao falar sobre a alta do dólar em transmissão ao vivo nas redes sociais

 

28 de janeiro

“Pelo que parece, tem uma família [de brasileiros] na região onde o vírus está atuando. Não seria oportuno a gente tirar de lá [China], com todo o respeito. Pelo contrário, agora não vamos colocar em risco nós aqui por uma família apenas. A gente espera que os dados da China estejam reais, só isso de pessoas contaminadas. Se bem que são bastantes. Mas a gente sabe que esses países são mais fechados no tocante à informação.”
Jair Bolsonaro sobre a possibilidade de resgatar família de brasileiros que estava em região afetada pelo coronavírus


9 de fevereiro

Brasileiros resgatados na China chegam a Anápolis. Os 34 brasileiros resgatados na China chegam à Base Aérea de Anápolis, em Goiás. Eles vieram em dois aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) enviados ao país asiático

 

7 de março
Presidente e comitiva chegam aos Estados Unidos

9 de março
Itália amplia quarentena
– A China anuncia 80.904 infecções
– Brasil tem 25 casos confirmados
– Cerimônia de tocha olímpica na Grécia não terá participação do público

“Tem a questão do coronavírus também que, no meu entender, está superdimensionado o poder destruidor desse vírus. Então, talvez esteja sendo potencializado até por questão econômica, mas acredito que o Brasil, não é que vai dar certo, já deu certo.”
, Jair Bolsonaro, ao falar com a comunidade brasileira em Miami

 

10 de março
– Doença se espalha pelo mundo. Todos os 27 países da União Europeia (UE) apresentam ao menos um caso confirmado de Covid-19. Pelo menos 107 países confirmam casos. A Itália tem mais de 7 mil infectados.

“Durante o ano que se passou, obviamente, temos momentos de crise. Muito do que tem ali é muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propaga. Alguns da imprensa conseguiram fazer de uma crise a queda do preço do petróleo”, Jair Bolsonaro durante evento em hotel no centro de Miami

 

11 de março
OMS declara que há uma pandemia de Covid-19
– Itália fecha todo o comércio, deixando abertas apenas as farmácias
– Temporada da NBA é suspensa
– Bolsonaro volta ao Brasil e chefe da Secom, Fabio Wajngarten, faz teste de coronavírus
– Brasil tem 69 casos
– O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, solicita a liberação de cerca de R$ 5 bilhões para combate ao coronavírus
–  O Senado e o Câmara divulgaram medidas para prevenção ao coronavírus, dentre elas, a proibição de visitação do público ao Congresso
–  O dólar sobe e volta a fechar acima do patamar de R$ 4,70. Bolsa fecha com queda de 7,6%
– GDF suspende aulas e eventos públicos por cinco dias

“Vou ligar para o [ministro da Saúde, Luiz Henrique] Mandetta. Eu não sou médico, não sou infectologista. O que eu ouvi até o momento [é que] outras gripes mataram mais do que esta.”
, Jair Bolsonaro durante entrevista em frente ao Palácio da Alvorada


12 de março

– Número de casos no Brasil passa de 70
Bolsonaro aguarda resultado
Ministério da Saúde publica edital para contratar mais 5,8 mil médicos
GDF inclui medidas preventivas

“O sistema de saúde brasileiro, como os demais países, tem um limite de pacientes que podem ser atendidos. O governo está atento para manter a evolução do quadro sob controle”
, Jair Bolsonaro em pronunciamento na televisão e no rádio.

 

13 de março
– O presidente Jair Bolsonaro informa, por meio de suas redes sociais, que o exame a que se submeteu para detectar a presença do novo coronavírus deu negativo
– A presidência publica MP liberando R$ 5 bilhões adicionais para ações de combate ao novo coronavírus via ministérios da Saúde e Educação

 

15 de março
GDF anuncia que famílias de alunos de baixa renda receberão bolsa para alimentação e determina fechamento de academias e museus e redução de ICMS para álcool em gel. Eventos esportivos no Distrito Federal somente poderão 0correr com os portões fechados

“Muitos pegarão isso independente dos cuidados que tomem. Isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde. Devemos respeitar, tomar as medidas sanitárias cabíveis, mas não podemos entrar numa neurose, como se fosse o fim do mundo”
, Jair Bolsonaro em entrevista à CNN Brasil, no dia em que saiu às ruas em protestos contra o Congresso

“Em 2009, 2010, teve crise semelhante, mas, aqui no Brasil, era o PT que estava no poder e, nos Estados Unidos, eram os democratas, e a reação não foi sequer perto do que está acontecendo no mundo todo”
, Jair Bolsonaro em entrevista à CNN Brasil

“Porque não vai, no meu entender, conter a expansão desta forma muito rígida. Devemos tomar providências porque pode, sim, transformar em uma questão bastante grave a questão do vírus no Brasil, mas sem histeria”, 
Jair Bolsonaro em entrevista à CNN Brasil

 

16 de março
– 170 mil casos confirmados no mundo; 81 mil na China
– Trump diz que economia dos EUA pode estar a caminho de uma recessão
Ministério da Economia anuncia injeção de R$ 147,3 bilhões para atender medidas emergenciais, como a antecipação das duas parcelas do 13º de aposentados e pensionistas e redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre alguns produtos
– Governo anuncia locação de 2 mil vagas extras em UTIs. Visitas a presos em todas as penitenciárias federais são suspensas

“Foi surpreendente o que aconteceu na rua. Até com esse superdimensionamento. Tudo bem que vai ter problema. Vai ter. Quem é idoso e está com problema ou deficiência. Mas não é isso tudo que dizem. Até que na China já está praticamente acabando”
, Jair Bolsonaro um dia depois dos protestos, em entrevista em frente ao Palácio da Alvorada

“Está havendo uma histeria. Se a economia afundar, afunda o Brasil. E qual o interesse dessas lideranças políticas? Se acabar economia, acaba qualquer governo. Acaba o meu governo. É uma luta de poder”
, Jair Bolsonaro em entrevista à Radio Bandeirantes

“Se eu resolvi apertar a mão do povo, desculpe aqui, eu não convoquei o povo para ir às ruas, isso é um direito meu. Afinal de contas, eu vim do povo. Eu venho do povo brasileiro”, Jair Bolsonaro em entrevista à Radio Bandeirantes ​

 

17 de março
Primeira morte no Brasil
– SP tem o primeiro caso de morte provocada por coronavírus
União Europeia fecha suas fronteiras por 30 dias
Presidente anuncia “algo parecido com um voucher”, mas ficou por definir o montante e como seria organizado o pagamento

 

18 de março
– Novo balanço do Ministério da Saúde aponta mais de 400 casos no Brasil
Grande parte da comitiva presidencial aos EUA testa positivo para o coronavírus, incluindo dois ministros
Brasil fecha fronteira com a Venezuela
– Presidente Jair Bolsonaro e seus ministros dão entrevista coletiva com máscaras
GDF fecha parques e shoppings

“Superar este desafio depende de cada um de nós. O caos só interessa aos que querem o pior para o Brasil. Se, com serenidade, população e governo, junto com os demais poderes, somarmos os esforços necessários para proteger nosso povo, venceremos não só este mal como qualquer outro”
, Jair Bolsonaro em publicação no Twitter

“Começamos a nos preparar. Até que os primeiros casos começaram a aparecer no Brasil. Alguns achavam que a gente deveria suspender o carnaval. Tivemos esses dias um governador que queria impedir as pessoas de irem para a praia. Não só foi um fracasso como o número de pessoas nas praias aumentou”, Jair Bolsonaro em publicação no Twitter

 

19 de março
O governo federal fecha fronteiras físicas com países vizinhos e repatria 1,8 mil brasileiros de quatro países
O país ainda veta entrada de estrangeiros da UE, China e de outros países

 

20 de março
O Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que os casos ‘vão disparar’ em abril e que a crise deve durar até cinco meses

“Tem certos governadores que estão tomando medidas extremas, que não competem a eles, como fechar aeroportos, rodovias, shoppings e feiras. Tem um governo de Estado que só faltou declarar independência do mesmo”, Jair Bolsonaro ao deixar o Palácio da Alvorada

“Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar, não. Se o médico ou o ministro me recomendar um novo exame, eu farei. Caso contrário, me comportarei como qualquer um de vocês aqui presentes”, Jair Bolsonaro em coletiva de imprensa

“Vão morrer alguns pelo vírus? Sim, vão morrer. Se tiver um com deficiência, pegou no contrapé, eu lamento. É preciso alongar a curva da contaminação para atender aos idosos, mas é inevitável a morte de pessoas nos considerados grupos de risco”, Jair Bolsonaro em entrevista ao Programa do Ratinho

 

21 de março
Em São Paulo, o governador João Doria (PSDB) decreta quarentena obrigatória até o dia 7 de abril

 

22 de março

“Brevemente o povo saberá que foi enganado por esses governadores e por grande parte da mídia nessa questão do coronavírus. (…) Espero que não venham me culpar lá na frente pela quantidade de milhões e milhões de desempregados na minha pessoa”, Jair Bolsonaro em entrevista à TV Record

“O número de pessoas que morreram de H1N1 foi mais de 800 pessoas. A previsão é não chegar aí a essa quantidade de óbitos no tocante ao coronavírus”, Jair Bolsonaro em entrevista à TV Record

“Há um alarmismo muito grande por grande parte da mídia. Alguns dizem que estou na contramão. Eu estou naquilo que acho que tem que ser feito. Posso estar errado, mas acho que deve ser tratado dessa maneira”, Jair Bolsonaro em reunião com prefeitos

 

23 de março
– Há quase 2 mil casos confirmados no Brasil em todos os 26 estados e no Distrito Federal
– Injeção de R$ 85,8 bilhões para fortalecer estados e municípios da região nordeste diante da pandemia de coronavírus. Bolsonaro afirmou que vai transferir para a Saúde R$ 8 bilhões em um período de quatro meses
Anúncio da suspensão da dívida pública dos estados com a União. O pacote do governo ainda prevê a renegociação com bancos no valor de R$ 9,6 bilhões — que é o montante de dívidas de estados e municípios com instituições financeiras
Revogação de dispositivo de MP que previa a suspensão dos contratos de trabalho por 4 meses

 

24 de março
– Há 2.271 casos confirmados do novo coronavírus (Sars-Cov-2) no Brasil, com 47 mortos
Cerca de 1,3 bilhão de indianos iniciam um período de 21 dias de isolamento

“O que se passa no mundo mostra que o grupo de risco é de pessoas acima de 60 anos. Então, por que fechar escolas? Raros são os casos fatais, de pessoas sãs, com menos de 40 anos de idade”
, Jair Bolsonaro durante pronunciamento na televisão

“Pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria acometido, quando muito, de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico, daquela conhecida televisão”
, Jair Bolsonaro durante pronunciamento na televisão

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