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Jacarezinho: 26 baleados em operação já chegaram mortos a hospitais

A polícia afirmou, em nota, “que o fato de chegarem mortos à unidades hospitalares” não quer dizer que não foram resgatados com vida

atualizado

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Foto: Fábio Vieira/Metrópoles
Manifestantes seguram faixa escrito Não foi operação, foi chacina
1 de 1 Manifestantes seguram faixa escrito Não foi operação, foi chacina - Foto: Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

Rio de Janeiro – A Secretaria Municipal de Saúde do Rio confirmou, nesta terça-feira (11/5), que pelo menos 26 dos 27 suspeitos mortos durante a operação policial realizada na comunidade do Jacarezinho chegaram sem vida às unidades de saúde.

Segundo a pasta, 20 corpos foram encaminhados para o Hospital Souza Aguiar, no Centro; outros cinco foram levados para o Centro de Emergência Regional (CER Ilha do Governador), e um, para o Hospital Salgado Filho.

O policial André Frias, 48 anos, baleado na operação, também foi levado para o Salgado Filho, ainda vivo, mas não resistiu. A Operação Exceptis foi deflagrada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro no último dia 6.

“A direção do Hospital Municipal Souza Aguiar informa que 20 corpos chegaram na unidade no dia 6/5 e foram levados para o IML, onde foi feita a identificação de cada um. Um outro paciente recebeu alta no mesmo dia. No Hospital Municipal Salgado Filho, deram entrada quatro pacientes: um chegou em óbito, André Frias morreu durante o atendimento, e os outros dois deixaram a unidade. A Coordenação do CER Ilha informa que cinco corpos chegaram à unidade e foram levados para o IML”, informa, em nota, a secretaria de Saúde.

A Polícia Civil afirmou, em comunicado, “que o fato de os criminosos chegarem mortos à unidade hospitalar não quer dizer que não foram resgatados com vida. As mortes podem ter acontecido no caminho ou na entrada ao hospital”. Ainda de acordo com a nota, “é possível sim a realização de perícia de local sem os corpos”.

Dos 27 suspeitos mortos, apenas quatro eram alvo da operação. Além disso, dois dos mortos não tinham qualquer anotação criminal. Tais fatos contradizem a Polícia Civil, que declarou, na semana passada, que todos morreram em confronto com os agentes de segurança e tinham antecedentes.

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Do total de vítimas, 86% eram negras
Marcas de tiros em um beco onde estão crianças no Jacarezinho
Moradores em um beco no Jacarezinho após operação
Marcas de tiros em parede perto de portão no Jacarezinho
Tiros no chão e parede de comércio no Jacarezinho
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Beco com tiros na comunidade do Jacarezinho

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Do total de vítimas, 86% eram negras

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Marcas de tiros em um beco onde estão crianças no Jacarezinho

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Moradores em um beco no Jacarezinho após operação

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Marcas de tiros em parede perto de portão no Jacarezinho

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Tiros no chão e parede de comércio no Jacarezinho

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"Parem de nos matar", pedem os moradores da comunidade do Jacarezinho

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Paredes e janela com marcas de tiros no Jacarezinho

Fotos: Aline Massuca/Metrópoles

A operação da polícia no Jacarezinho, que teve a participação de 250 agentes, terminou com a prisão de apenas seis suspeitos, e a apreensão de 23 armas e 12 granadas.

Nesta terça-feira (11/5), a força-tarefa criada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) para investigar as circunstâncias da Operação Exceptis, na comunidade do Jacarezinho, disse que nada ficará fora do crivo dos promotores. “Se houve execução, vai ser apurado”, garantiu o chefe do grupo, o promotor André Cardoso.

Decisão do STF

Um dos questionamentos sobre a operação é que, desde junho do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu operações em favelas durante a pandemia. A decisão permite ações apenas em “hipóteses absolutamente excepcionais”, após comunicação e justificativa ao Ministério Público.

O procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, explicou que, no caso da operação, antes da sua deflagração, foi feita investigação policial, levada ao promotor do caso, que fez a denúncia e o juiz decretou as prisões. “Em razão da decisão do Supremo, a polícia comunica ao MP, mas não há autorização prévia. O exame é feito depois, para esclarecer”, ressaltou.

Luciano Mattos enfatizou que as operações não precisam de autorização do MP para serem realizadas. O procurador-geral, porém, afirmou que, desde a decisão do STF, o MPRJ abriu 44 investigações para apurar circunstâncias de operações policiais deflagradas no Rio de Janeiro. Todas ainda estão em fase de análise.

Operação

Operação Exceptis contou com a participação de 250 policiais civis e resultou na morte de 27 suspeitos, dois sem ficha criminal, além do agente André Leonardo Mello Frias, de 48 anos, na última quinta (6).

Relatório ao qual o Metrópoles teve acesso após a operação relata o envolvimento da maior parte dos mortos com o tráfico de drogas, mas não menciona o aliciamento de menores, uma das justificativas da ação com base em inquérito da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).

O objetivo era cumprir 21 mandados de prisão e quatro dos 27 mortos eram indiciados. O relatório também mostra fotos de homens armados: Isaac Pinheiro Oliveira, conhecido como Pé ou Perturbado; e Richard Gabriel da Silva Ferreira, o Kako.

Em audiência de custódia realizada no sábado (8), três presos — Patrick Marcelo da Silva Francisco, Max Arthur Vasconcelos Souza e Vinicius Pereira da Silva — contaram que foram agredidos com socos, chutes, pisões e golpes de fuzil.

Na comunidade, uma moradora mostrou a casa cheia de marcas de tiros depois da ação policial. Outro morador afirmou que dois jovens desarmados foram executados na casa dele.

A mais letal 

A Polícia Civil disse ter agido legalmente, dentro dos protocolos estabelecidos pelo STFA operação policial do Jacarezinho foi a mais letal da história do Rio de Janeiro.

Ao justificar a operação, a Polícia Civil disse que a facção criminosa que atua na região age de forma semelhante a grupos terroristas, fazendo até o sequestro de trens da SuperVia.

Segundo as investigações, os criminosos têm “estrutura típica de guerra”, com centenas de “soldados munidos com fuzis, pistolas, granadas, coletes balísticos, roupas camufladas e todo tipo de acessórios militares”.

De acordo com a PCRJ, o grupo, considerado um dos quartéis-generais da facção Comando Vermelho na região, aliciava crianças e adolescentes para a prática de crimes, como o tráfico de drogas, roubos e homicídios.

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