Itens mais preciosos do Museu Nacional queimaram, dizem funcionários
Estudantes da UFRJ e trabalhadores do local afirmam que prédio estava em más condições há décadas
atualizado
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Estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e funcionários do Museu Nacional confirmaram nesta segunda- feira (3/9) que o prédio, destruído pelo fogo no domingo, vinha em más condições há décadas. “Eu me sinto num velório. A sensação é de ter perdido um parente próximo”, disse o biólogo Antônio Carlos Neves, de 33 anos, que cursou mestrado na UFRJ.
Ainda é possível ver focos de incêndio no local. De acordo com a direção do museu, “há esperança” de recuperar parte do acervo.O espaço histórico reunia mais de 20 milhões de itens, alguns já foram resgatados.
Desolados, Neves e três colegas, que preferiram não ter a identidade divulgada, disseram acreditar, devido às condições dos escombros e desabamentos ocorridos nos três pavimentos, que os principais itens do conjunto museológico se perderam: três múmias egípcias; o crânio de Luzia, o primeiro do continente; as ossadas de baleia jubarte e do dinossauro conhecido como “dinoprata”; os diários da Princesa Isabel; o mobiliário imperial; a coleção de documentos da Imperatriz Teresa Cristina; e os afrescos de Pompéia.
Assoalhos originais do século 19 que estavam comprometidos, infestação de cupins, fiações elétricas aparentes, temperatura e luminosidade inadequadas para o acondicionamento dos itens das coleções, entre outros problemas estruturais, foram listados pelos funcionários como questões antigas. “A verba nunca foi suficiente; este ano, piorou muito. Coleções de entomologia, insetos, aranhas, crustáceos e moluscos tinham problemas “, disse uma bióloga.
Conforme relato do Bombeiros, as paredes externas têm espessura de cerca de um metro e, por isso, a corporação acredita que não há risco de desmoronamento. Já internamente, o cenário é de destruição quase total, com focos sendo avistados de fora.
A direção da estrutura incendiada requer que o governo federal ceda contêineres para que o trabalho possa ser retomado e que o orçamento de 2019 tenha dotação específica para o museu. “Nunca escondemos os nossos problemas. Queremos a Polícia Federal aqui dentro apurando as causas. Aos culpados, ainda vamos apontar os dedos. É despertadora a frustração. Lamentavelmente, não tivemos a deferência da presença de ministros nos 200 anos do museu”, disse o diretor, Alex Kellner, ao comentar a carência de recursos do governo e a ausência de autoridades por ocasião do bicentenário da instituição.