Itatiaia: como o frio impactou a cidade do RJ que marcou -11ºC
Estação meteorológica no Parque de Itatiaia, região serrana do Rio, marcou -11ºC, temperatura mais baixa registrada no Brasil em 2022
atualizado
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Rio de Janeiro – Roupas térmicas, casacos, cobertores, lareiras e calefatores. Foi assim que os moradores de Itatiaia, região serrana do Rio, passaram a madrugada dessa terça-feira (14/6). O ponto mais alto do Parque Nacional, em uma das quatro estações meteorológicas do local, marcou -11.4 ºC, às 2h da manhã, a temperatura mais baixa do Brasil em 2022.
Um vídeo registrado no Bairro Rural de Itamonte, na Serra Negra, dentro do parque, mostra a água congelada saindo de dentro da torneira. Veja:
O Parque Nacional de Itatiaia, que completou 85 anos, possui quatro estações meteorológicas, uma do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que registrou -7.8 ºC, e outras três independentes, monitoradas por grupos de meteorologistas de todo o país. Foi na Estação Rio Campo Belo que houve a menor marca, de -11.4ºC.
O frio foi tanto que a antena medidora congelou e parou de funcionar. Chefe do parque há dois anos, Luiz Aragão acredita que, nos próximos meses, o frio pode ficar ainda mais intenso, comparado a 2021.
“Presenciei no ano passado. Estava muito frio, tudo congelado, um frio glacial. A estação marcou -14.8°C, em julho de 2022. Eu estava de luvas, touca. Precisei limpar o medidor com água e, no mesmo instante, voltavam a aparecer camadas de gelo. Neste ano, o inverno chegou mais cedo, acredito que a gente possa atingir -16ºC. O parque pega Rio e Minas, mas foi justo no lado do ‘Rio 40 graus’ que fez o dia mais frio do ano no Brasil”, disse Luiz Aragão, ao Metrópoles.
No Vista Linda Hotel, no ponto mais baixo do parque, a mil metros de altitude, o termômetro marcou 2ºC no meio da madrugada. Francisca Santos, 40, trabalha na administração do local há quatro anos e acredita que o frio é um atrativo para os hóspedes.
“Não congelou, mas ficou bem gelado. A parte alta do parque fica a 22 km daqui. Como é relativamente próximo, deu para sentir bastante o frio durante a madrugada. Temos lareira em quase todos os quartos e a maior parte dos hóspedes vem atrás do frio mesmo, muito mais do que no verão. Acredito que o movimento vai ser bom no inverno”, afirmou.
Do outro lado do parque, Renato Diniz, responsável pelo camping Cabanas da Maromba, que existe desde 1982, diz que a noite foi difícil, mesmo já sendo acostumado.
“Aqui chegou a -3 , -4ºC. Estava tudo branco de geada e para dormir foi bem difícil. Parecia que tinham jogado um balde d’água na cama, estava congelada. Para aquecer, usamos cobertor, lareira, calefator e calor humano, se não ninguém aguenta”, conta Renato.
“Aqui nós temos uma sauna filandesa, com pedras, para aquecer o corpo. Normalmente, os hóspedes saem de lá e pulam na cachoeira”, explica.
Se lidar com o frio é difícil para uns, para outros é mais um dia normal em Itatiaia. Funcionário do parque há duas décadas, Guilherme Ramos, 41, estava trabalhando e precisou ficar acampado em uma barraca.
“Já estou acostumado, então é tranquilo. Usei roupa térmica para me proteger”, conta o guia florestal, que registrou geada em vários pontos e uma parte da trilha congelada.
Segundo o Inmet, a menor temperatura foi de -9,9 ºC em 8 de julho de 2019, em Itatiaia. Para 2022, a expectativa é que as estações continuem registrando baixas temperaturas.
“Pode sim fazer mais frio, mas vai depender dos sistemas frontais que vão atingir o sul do país daqui em diante, com frente fria e massa de ar polar”, analisou a meteorologista Marlene Leal, do Inmet.
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