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Itamaraty vai pedir acesso a documentos da CIA sobre ditadura militar

Material exposto na quinta-feira (10/5) mostra autorização do então presidente Geisel para executar opositores do regime

atualizado

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Waldemir Barreto /Agência Senado
1 de 1 - Foto: Waldemir Barreto /Agência Senado

O Ministério das Relações Exteriores vai pedir ao governo dos Estados Unidos a liberação dos documentos produzidos pela Agência Central de Inteligência (CIA, sigla em inglês) sobre a ditadura civil-militar no Brasil. O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, instruiu a embaixada brasileira em Washington, nos EUA, a solicitar a liberação completa dos registros a respeito desse tema.

A medida é em resposta à solicitação do Instituto Vladimir Herzog, que enviou uma carta na última sexta-feira (11/5) ao Itamaraty pedindo ao governo federal a liberação dos documentos que registram a participação de agentes do estado brasileiro em ações de tortura ou assassinato de opositores do regime.

A carta é assinada por Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, morto durante a ditadura. Na época, o Exército divulgou a versão de um suicídio supostamente cometido pelo jornalista na prisão.

De acordo com registros da CIA, os generais Ernesto Geisel, presidente do Brasil à época, e João Figueiredo, então diretor do Serviço Nacional de Informações (SNI), que assumiu a Presidência da República depois de Geisel, sabiam e concordaram com execução sumária de “inimigos” da ditadura militar no Brasil.

Também participaram da reunião na qual Geisel foi informado da política de execução os generais Milton Tavares de Souza, então comandante do Centro de Inteligência do Exército (CIE) e seu sucessor, Confúcio Avelino.

Datado de 11 de abril de 1974, o documento, assinado pelo então diretor da CIA, Willian Colby, e endereçado ao então secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger, diz que Geisel foi informado, logo após assumir a Presidência, da morte de 104 pessoas opositoras da ditadura no ano anterior.

Após ser informado, o arquivo ainda revela a decisão de Geisel em manter a autorização de execuções sumárias, adotada durante o governo do presidente Emílio Garrastazu Médici (1969-1974). Geisel teria feito a ressalva para assassinatos só acontecerem em “casos excepcionais” e envolvendo “subversivos perigosos”.

“O senhor, assim como nossa família, sabe como foi o terror e a violência promovida pela Ditadura Brasileira. Uma nação precisa conhecer a sua história oficialmente a fim de ter políticas públicas que previnam repetição nos erros do passado”, diz a carta assinada pelo filho de Herzog e dirigida ao ministro Aloysio Nunes.

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