Itamaraty justifica não chamar Hamas de “terrorista” com Carta da ONU
Primeiro-ministro de Israel pediu que grupo Hamas seja tratado como terrorista, assim como o Estado Islâmico, pela comunidade internacional
atualizado
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Em meio às pressões ao governo brasileiro para reconhecimento do grupo fundamentalista Hamas como uma organização terrorista, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) reforçou a posição diplomática do país nesta quinta-feira (12/10), com base nas diretrizes da Organização das Nações Unidas (ONU).
“No tocante à qualificação de entidades como terroristas, o Brasil aplica as determinações feitas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, órgão encarregado de velar pela paz e pela segurança internacionais, nos termos do Artigo 24 da Carta da ONU.”
Segundo a política brasileira, apenas o Conselho de Segurança da ONU tem autoridade e legitimidade para designar um grupo como organização terrorista. Por exemplo, o Estado Islâmico, a Al Qaeda e Boko Haram são considerados como tal.
A instância responsável por tomar decisões em nome do organismo multilateral mantém listas de indivíduos e entidades assim qualificadas, contra os quais se aplicam sanções.
“A prática brasileira, consistente com a Carta da ONU, habilita o país a contribuir, juntamente com outros países ou individualmente, para a resolução pacífica dos conflitos e na proteção de cidadãos brasileiros em zonas de conflito – a exemplo do que ocorreu, em 2007, na Conferência de Anápolis, EUA, com relação ao Oriente Médio”, prossegue o Itamaraty.
Apesar de não adotar a denominação, em aplicação aos princípios das relações internacionais previstos no Artigo 4º da Constituição, “o Brasil repudia o terrorismo em todas as suas formas e manifestações”.
Debate internacional sobre o Hamas
Em âmbito global, o assunto também é motivo de debate. Países como Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Austrália e as nações da União Europeia classificam o Hamas como uma organização terrorista.
Outros países, como Arábia Saudita e Egito, não adotam a classificação, mas evitam qualquer relação com o grupo fundamentalista. Além do Brasil, China, Rússia, Turquia, Irã e Noruega não denominam a organização como terrorista.