Itamaraty condena Israel por anexação de assentamentos na Cisjordânia
Em comunicado conjunto, Argentina, Brasil, Chile e México disseram ser contra a decisão de Israel de legalizar 9 assentamentos na Palestina
atualizado
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O Ministério das Relações Exteriores divulgou, nesta sexta-feira (17/2), um comunicado conjunto com outras nações latino-americanas em que condena a decisão do governo de Israel de legalizar nove assentamentos na Cisjordânia, território palestino ocupado pelo país desde 1967.
A decisão contraria o posicionamento brasileiro dos últimos quatro anos. Durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a posição diplomática brasileira estava mais alinhada a Israel.
A nota conjunta, enviada com os governos da Argentina, Chile e México afirma que as nações “veem com profunda preocupação” a decisão israelense, divulgada no último domingo (12) pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
A legalização dos assentamentos ocorre em reação a uma série de ataques recentes em Jerusalém Oriental, que parmence sob o controle israelense. Com a legalização de novos assentamentos, Netanyahu cumpre promessa de expandir ocupações em territórios palestinos.
“Nossos governos expressam oposição a qualquer ação que comprometa a viabilidade da solução de dois Estados, na qual Israel e Palestina possam compartilhar fronteiras seguras e reconhecidas internacionalmente, respeitando as legítimas aspirações de ambos os povos de viver em paz”, diz o comunicado.
Governo de Israel promete expandir assentamentos na Cisjordânia
A medida israelense contraria uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, aprovada em 2016, que pediu o fim de assentamentos israelenses em territórios palestinos por violar a lei internacional e dificultar a solução do impasse entre Israel e Palestina.
Segundo estimativas da ONU, cerca de 700 mil colonos israelenses vivem em assentamentos irregulares na Cisjordânia ocupada e em Jerusalém Oriental.
Na prática, o mecanismo de legalização é visto pela Palestina como mais um avanço israelense sobre o próprio, e bastante fragmentado, território. Para eles, os assentamentos estão em terra palestina — território considerado pelas autoridades vital para a consolidação de um Estado próprio.
“Os governos da Argentina, Brasil, Chile e México pedem a israelenses e palestinos que se abstenham de atos e provocações que possam promover nova escalada de violência e que retomem as negociações para chegar a uma solução pacífica para o conflito”, finaliza o texto dos países latino-americanos.
Após a reeleição de Netanyahu, a tensão entre israelenses e palestinos voltou a aumentar, com diversos casos de agressões e mortes. O último acabou deixando três israelenses mortos, depois de um ataque em Jerusalém.
Neste ano, cerca de 57 pessoas morreram em decorrência do conflito que já dura décadas. Os palestinos representam a maioria de mortes, com 46 registros. Já o lado de Israel registra ao menos 11 vítimas em 2023.