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Itamaraty afasta embaixador brasileiro acusado de assédio no Mali

Remoção do embaixador foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta (15/2), dias após acusações contra ele serem feitas

atualizado

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Itamaraty
1 de 1 Itamaraty - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O Ministério das Relações Exteriores afastou, nesta quarta-feira (15/2), o embaixador Carlos Eduardo de Ribas Guedes do cargo de embaixador do Brasil no Mali. O diplomata foi acusado por funcionários de ter cometido assédio moral e de caráter escravocrata.

O afastamento do funcionário foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) e assinado pela diplomata Maria Laura da Rocha, a número dois na linha de comando do Itamaraty.

“A MINISTRA DE ESTADO, SUBSTITUTA, DAS RELAÇÕES EXTERIORES […] resolve: Remover, ex officio, CARLOS EDUARDO DE RIBAS GUEDES, ministro de segunda classe do Quadro Especial da carreira de diplomata do Ministério das Relações Exteriores, da embaixada do Brasil em Bamako para a Secretaria de Estado”, diz a publicação.

Com a publicação no DOU, o funcionário terá dois meses para organizar sua mudança de volta para Brasília.

Acusações

A remoção acontece dias após Carlos Eduardo ser formalmente acusado de assédio por 11 funcionários da embaixada em Bamako, o grupo pediu a expulsão do diplomata.

Segundo o documento, há dois anos, os funcionários são vítimas de “assédios, de gestos e propostas desumanas, degradantes, que ferem a honra e a dignidade e atos de caráter escravocrata”.

As denúncias foram encaminhadas ao Ministério do Trabalho e a outras duas autoridades correlatas do país, na quinta-feira (9/2).

Os funcionários relatam que, entre as exigências feitas por Carlos Eduardo de Ribas Guedes, consta a ordem de que “dois empregados da residência se ajoelhassem diante dele”. Ele também teria ofendido uma funcionária a chamando de “puta”, por causa da organização da sua agenda.

Carlos Eduardo de Ribas Guedes teria negado que um motorista fosse ao hospital para ajudar a filha doente; a menina acabou morrendo. Em outro momento, o embaixador também teria negado que outro motorista pudesse levar sua mulher grávida ao hospital.

“Licenças não previstas”

Em ambos os casos, a alegação do embaixador era que as licenças não estariam previstas na legislação trabalhista do país.

“No que diz respeito ao que está acima, os funcionários da embaixada vêm muito respeitosamente vos informar sobre a situação na qual vivemos dentro desta missão diplomática e solicitamos o seu apoio para acabar com o sofrimento deles”, afirma o texto.

O documento diz que o governo brasileiro foi informado sobre a situação e despachou uma missão de inspeção a Bamako, capital do país, para ouvir os denunciantes. O texto afirma que um procedimento disciplinar foi aberto em novembro de 2022 pelo Ministério das Relações Exteriores, logo depois da missão de outubro.

O que diz o Itamaraty

Inicialmente, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que foi aberto Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e que o embaixador ficaria sob observação por dois anos. Segundo a pasta, o afastamento do embaixador do cargo não exclui o termo, que continua válido.

A pasta observou que a investigação conduzida pelo Itamaraty baseou-se em “acusações de assédio moral, conduta incompatível com a moralidade administrativa, inobservância de normas legais e regulamentares e falta de urbanidade na repartição”.

Caso o funcionário desrespeite algum outra lei, “será objeto de imediato processo administrativo disciplinar que considerará fatos pregressos como agravantes”, concluiu o ministério.

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